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Hoje faz 25 anos que comecei minha curso de professor; bodas de prata de sala de lição. Vou pedir licença aos que cá me acompanham para comentar sobre esse trajo relevante da minha curso.

Nesse longo tempo, vivi momentos de enorme alegria e muito tirocínio. Fiz um rápido levantamento e apurei que fui escolhido mais de 40 vezes porquê (ou) professor paraninfo, patrono, homenageado em formaturas, além de ser laureado com 18 prêmios de vantagem acadêmica pelos alunos.

Graças às redes sociais, posso seguir a trajetória, pessoal e profissional, da grande maioria; sinto-me realizado ao ver o sucesso deles. Mantenho contato direto com alguns, além de ter indicado outros tantos para estágios e até empregos no mercado financeiro.

Sabia, quando topei o duelo de me tornar professor universitário, que não seria tarefa simples. Estávamos, ainda, distantes da estação dos IPOs no setor e, porquê é de conhecimento público, a remuneração e condições de trabalho dos professores é muito distante de outras atividades em nosso país, embora existam algumas poucas instituições privadas que oferecem ótimas condições de trabalho. Tudo parecia muito difícil, com mínimos investimentos e, pior, com “matéria-prima” sem qualidade.

O que quero manifestar é que tinha plena consciência dos desafios que iria enfrentar ao lecionar disciplinas de Economia e Finanças; mesmo assim encarei. Sobreveio o libido de contribuir com o horizonte do país, apesar de entender que alunos sem fundamentos básicos enfrentariam enormes dificuldades.

Assim, era preciso trabalhar uma metodologia de ensino-aprendizado dissemelhante das tradicionais, que pudesse contornar, minimamente, o nível réptil das ciências exatas praticado nas escolas de ensino médio.

Sob esse olhar, me inspirei em alguns mestres e procurei desenvolver um método onde os alunos precisariam explicar os fenômenos econômicos, e algumas teorias de Finanças, sem uso de matemática, gráficos, expressões muito técnicas e estrangeirismos: é o que alcunhei de “explique para o leigo”.

Em seguida alguns semestres de tentativas e erros, todas as minhas provas passaram a incluir questões de “explique para o leigo a seguinte política econômica ou a teoria X de Finanças”, e por aí vai. Notei que esse procedimento ajudava a desmistificar alguns temas, o que facilitava o tirocínio.

Primeiramente, é preciso entender que o leigo não é uma pessoa desprovida de lucidez. Porquê exemplo, brinco com meus alunos que minha mana, Dra. Ana Cristina Espírito Santo, tem mais títulos que muitos times de futebol. Ela é poliglota, com pós-doutorado, professora na UFRJ na espaço de bioquímica, mas não domina a matemática/conta. “Vamos explicar para alguém porquê minha mana”, encorajava eles.

Se o leitor me permitir, vou mostrar um padrão de questão na prova: “Explique para o leigo os efeitos sobre o PIB, a taxa de juros e a demanda agregada de uma política fiscal expansionista promovida pelo governo, usando porquê referência o padrão Keynesiano generalizado e sem auxílio da política monetária”.

Percebam que há muita informação técnica envolvida, de conhecimento somente de profissionais da espaço. A resposta poderia ser dada com uso do ferramental gráfico sabido porquê padrão IS-LM, assim: a política fiscal desloca a curva IS para a direita e, com a ajuda de um sistema matemático, mostra-se que a renda (PIB) e a taxa de juros aumentam e a curva de demanda agregada se expande. São três variáveis afetadas: renda (PIB), que cresce, taxa de rendimento, que se eleva e demanda agregada, que se expande.

Meu aluno, no entanto, precisaria trasladar a resposta supra para o leigo. Uma maneira de responder seria (lembrando que é preciso sinalizar o que ocorre com os três vetores): o aumento do gasto público (política fiscal expansionista) significa, por exemplo, que o governo vai promover obras de infraestrutura pelo país e precisará contratar empreiteiras para executá-las. Dessa forma, há uma transferência de renda do setor público para o privado. As empreiteiras contratadas para executar as obras precisarão de trabalhadores para erigir as pontes, as casas, as escolas, os hospitais, os metrôs etc. Muitos desses trabalhadores estavam desempregados e, consequentemente, não tinham renda para consumo. Agora, empregados, passam a receber salários que poderão levá-los ao mercado para comprar bens e serviços, reduzindo estoques, levando as fábricas a aumentarem a produção, o que implica em geração de mais empregos. Todo esse movimento ajuda a expandir a demanda da economia, com geração de renda (PIB), inclusive porque esse processo se dá de múltiplas formas. (Observe que cá explicamos dois vetores: o PIB e a demanda crescendo. Ao mesmo tempo, precisamos explicar o outro vetor, que é a taxa de juros). A medida em que a sociedade passa a ter mais renda necessitará de mais moeda para fazer suas transações do dia a dia. Logo, precisando de mais moeda, e porquê o banco mediano (não houve seu auxílio) não aumentou a quantidade ofertada, o preço dela, que á a taxa de rendimento, tende a subir.

Percebeu porquê explicamos a direção dos três vetores, sem conta, gráfico e expressões do economês?

Embora os modelos matemáticos auxiliem os economistas, a economia é uma ciência social e não exata. Dessa forma, explicar para o leigo faz muito sentido e creio que ajude o estudante na hora do ENADE ou de uma entrevista de trabalho.

Tenho enorme orgulho de conseguir conciliar os “chapéus” de economista de mercado e professor, apesar de esgotante. Agradeço ao Valor Investe a parceria de tantos anos, que me ajuda a difundir minhas opiniões cá nesta poste. Espero, nesses 25 anos, ter contribuído para um país mais educado em economia, finanças e investimentos.

Para fechar, às vezes esbarro com um ex-aluno e normalmente eles lembram desse método, endossando que foi útil na curso. Torço, no entanto, para que nenhum deles tenha, diante de um eventual “explique para o leigo porquê fazer para controlar a inflação?”, respondido com “parando de consumir”. Seria frustrante!

Alexandre Espirito Santo, Economista-Superintendente da Way Investimentos, Coordenador de Economia e Finanças na ESPM.

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Alexandre Espirito Santo — Foto: Valor Investe

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