Ibovespa afunda em meio a expectativas sobre tarifas de Trump
Saldo do Dia: Cenário de aversão ao risco se desenha a partir de noticiário internacional, risco fiscal e queda nos preços das commodities Sem gatilhos para continuar subindo, o Ibovespa volta a cair após acumular duas altas seguidas neste semana. Ontem, o índice chegou a ficar positivo no acumulado do ano. Mas o alívio durou pouco. Há dois dias, rumores de que as medidas protecionistas dos Estados Unidos seriam mais brandas abriram o apetite a risco.
Agora, o cenário é oposto, com promessas de mais tarifas de importação feitas pelo próprio presidente eleito Donald Trump. O mercado agora se prepara para os efeitos que a taxação pode trazer, como valorização do dólar, além de mais inflação e mais juros no país. No caso da bolsa brasileira, a queda se consolida com a queda no preço de commodities, que derruba ações de peso no principal índice do mercado de açõe.
O Ibovespa recuou 1,27%, fechando aos 121.163 pontos, mesmo patamar em que se encontrava na segunda-feira.
No mês e no ano, acumula queda de 0,55%. Na semana, a variação ainda é positiva em 0.92%.Nos últimos 12 meses, contudo, o prejuízo chega a 9,67%.
O volume de negociações foi de R$ 15,2 bilhões, diante da média diária de R$ 16,5 bilhões nos últimos 12 meses.
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“Circulam notícias de que Trump está considerando declarar estado de emergência nacional para justificar legalmente um grande pacote de tarifas. Essa medida protecionista gerou receio entre os investidores, refletido na alta generalizada do dólar, inclusive em relação ao real, e na queda das bolsas”, explica Bruna Sene, analista de renda variável da Rico.
Para Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos, a grande dúvida do mercado é como o governo dos EUA irá se posicionar com seus parceiros comerciais, já que ele pode aumentar as taxas de exportação, o que afetaria o mercado de forma geral.
O dólar comercial subiu 0,09%, negociado a R$ 6,11. A valorização da moeda é de 25% nos últimos 12 meses. No mês, cai 1,15%.
A busca por proteção levou o dólar a se valorizar novamente, apesar do relatório de emprego no setor privado nos Estados Unidos sugerir uma desaceleração na economia. A ata da última reunião do banco central americano (Federal Reserve) também neutralizou o efeito dos dados do mercado de trabalho.
No documento, a autoridade indica que uma pausa nos cortes de juros estaria se aproximando, caso a economia siga dando sinais de força. A sinalização contribuiu para a elevação dos retornos nos títulos públicos. Além de elevar a busca pelo dólar, o movimento também afeta as taxas em países emergentes como no Brasil.
Por aqui, as taxas estão suscetíveis ainda ao risco fiscal, que disparou após a decepção com o pacote de gastos apresentado pelo governo no fim de 2024. Com exceção dos títulos de curtíssimo prazo, os contratos futuros evidenciaram a preocupação do mercado com a situação local e internacional. O dia foi novamente de estresse.
A Taxa de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 saiu de 14,99% para 14,97% ao ano. Prêmios em contratos de curto prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
No médio prazo, os retornos da taxa para janeiro de 2029 oscilaram de 15,19% para 15,24% ao ano.
Já para janeiro de 2034, a taxa foi de 14,55% para 14,63%. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo.
Empresas
As empresas ligadas ao mercado doméstico continuam sangrando diante de um cenário de mais inflação, menos consumo e crédito mais caro no Brasil.
Para piorar, as ações de commodities, que vinham apresentando valorização, voltaram a cair. A Petrobras e as demais petroleiras acumularam perdas após uma sessão de queda no preço do barril de petróleo.
Sem novidades sobre mais estímulos à economia chinesa, a demanda por minério de ferro continua declinando. O metal registrou mais um dia de perdas, enterrando papéis de empresas de mineração e siderurgia, como a Vale, que sozinha representa 12% da carteira do Ibovespa.
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