Ibovespa balança com ventos contrários, mas fecha semana em cima do muro

Assim, o principal índice de ações da bolsa do Brasil fechou esta sexta-feira (15) muito perto do nível em que estava no fechamento da sexta passada.

• Na semana, o Ibovespa ficou praticamente sólido, com um saldo positivo em 0,31%, encerrando o período nos 136.341 pontos. No dia, o movimento foi de estagnação. No mês de agosto, acumula valorização de 2,46%. Do primórdio do ano até cá, a carteira avançou 13,35%.

Numa semana turbulenta, as tensões de hoje ficaram por conta do encontro entre os líderes dos Estados Unidos e da Rússia. Donald Trump e Vladimir Putin se encontraram no Alasca em reunião para um provável entendimento de silêncio na Ucrânia.

No entanto, a depender do desenrolar da cúpula, um entendimento de armas nucleares e a cooperação econômica podem entrar na taxa.

Trata-se de um dos encontros com desfecho mais imprevisíveis dos últimos tempos, segundo investidores. Assim, agentes financeiros do mundo todo puxaram o freio de mão nesta sexta.

• O movimento financeiro do Ibovespa hoje foi de R$ 17,8 bilhões, pouco supra da média diária dos últimos 12 meses, de R$ 16,5 bilhões.

A escalada do oração de Trump eleva as tensões em torno do encontro, que pode perseverar de seis a sete horas, segundo assessores.

Pode parecer uma discussão muito distante do Brasil, mas tem potencial de salpicar. Entre os termos a serem negociados, os EUA devem fazer jogadas no mercado de força.

Se o desenrolar do encontro for negativo a ponto de a Moradia Branca impor sanções sobre o petróleo russo, o valor da commodity deve disparar. O que pode derrubar os ânimos em alguns setores porquê o petrolífero, simples, que reúne pesos-pesados do Ibovespa, porquê a Petrobras e a Prio.

• Das 84 ações que fazem secção do Ibovespa atualmente, o jogo ficou equilibrado na sessão: três estabilizaram, 40 valorizaram, e 41 desvalorizaram. Já nesta semana, os preços de 46 papéis do índice cederam.

De entendimento com a filial de notícias internacionais Bloomberg, os EUA prepararam um conjunto de opções para punir Moscou caso as negociações fracassem. Entre essas medidas, há desde sanções contra as petrolíferas russas Rosneft e Lukoil porquê secção de um conjunto de opções para pressionar Putin a admitir um cessar-fogo com a Ucrânia.

Outras possibilidades incluem mais restrições à frota paralela de petroleiros russos e tarifas adicionais sobre bens de países compradores de petróleo russo, incluindo Índia e China.

Com preocupações sobre o impacto nos preços dos mercado, fontes informaram à reportagem que a esperança de Trump é que tal medida – se tomada – tenha vida curta.

No caso de uma desenlace negativa no encontro, ainda que a bolsa do Brasil possa eventualmente se beneficiar do petróleo mais dispendioso, o dispêndio a ser pago globalmente via pressão inflacionária é saliente. E dela o país não escapa.

Com isso, o termômetro de risco global pode explodir. E, assim, as estratégias no mercado financeiro ficam menos previsíveis. Ainda que o petróleo se valorize, o dólar também pode escalar e os ativos de risco em universal devem ser penalizados.

Ânimos aquecidos durante a semana

Mas, no mercado de câmbio, a narrativa que ainda impera é outra, que dominou outros dias desta semana: as apostas na retomadas dos cortes de juros nos EUA em setembro.

A perspectiva de que as taxas podem tombar na próxima reunião do Federalista Reserve (Fed, o banco mediano americano) pressionaram os retornos dos títulos do Tesouro dos EUA nos últimos dias, o que aumentou o volume de recursos movimentado em carry trade – uma estratégia que consiste em lucrar quantia com a diferença entre os juros entre dois mercados (o Valor Investe explica melhor o que é o carry trade cá).

Neste caso, o Brasil é um dos mercados beneficiados pelo carry trade, já que tem um dos maiores juros reais do mundo.

• O dólar mercantil cedeu 0,35% contra o real nesta sexta e fechou o pregão cotado a R$ 5,40. Na semana, perde 0,69% e, em agosto, acumula queda de 3,62%. Do início do ano até cá, a moeda americana ficou 12,64% mais barata para o brasiliano.

Nesta semana, o cenário de cortes nos juros já na próxima reunião do Fed se tornou quase um consenso entre investidores do mercado americano.

Mas os principais bancos dos EUA, um grupo que inclui Goldman Sachs, J.P. Morgan e Bank of American (BofA), vêm fazendo alertas para um provável repique da inflação até o termo do ano provocado pelos choques do tarifaço.

O Goldman calculou que 67% do dispêndio das tarifas seria arqueado pelo consumidor dos EUA, o que levaria o núcleo da inflação para 3,2% em dezembro deste ano.

E esse cenário pareceu muito próximo da veras nesta semana.

Mesmo com os relatórios do mercado de trabalho mostrando uma desaceleração na geração de empregos e contratações por lá, o índice de preços ao produtor (PPI) de julho veio muito supra do esperado, sugerindo que os EUA podem não estar tão longe assim do quadro de estagflação.

Esse é o nome oferecido ao fenômeno econômico que combina a estagnação da atividade com uma inflação resiliente. Isso seria provável atualmente nos EUA porque o tarifaço se tornou um ducto de pressiona as expectativas de inflação (que têm tanto impacto nos preços finais quanto a elevação de vestimenta dos custos).

E o Brasil, no meio disso tudo, fica para lá e para cá.

• A taxa de Repositório Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 seguiu em 14,89% ao ano. Prêmios em contratos de limitado prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
• No médio prazo, os retornos da taxa para janeiro de 2029 foram de 13,13% para 13,11%ao ano.
• Já para janeiro de 2036, a taxa subiu de 13,53% para 13,52% ao ano. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo.

Na quarta, o governo federalista anunciou seu pacote de medidas para socorrer as empresas impactadas pelo tarifaço de 50% imposto sobre produtos produzidos no Brasil e exportados para os EUA.

A proposta veio muito dentro do esperado. Mas, nas entrelinhas, abre uma brecha para se tornar outro monstrengo que pode afetar as contas públicas sem, de vestimenta, sequestrar o Orçamento. Na teoria, o governo seguiria dentro da meta estabelecida pelo busto fiscal, mas, na prática, a dívida pública seguiria uma trajetória ascendente e ainda acelerada.

Isso porque a premissa de que não se tem porquê medir o impacto do tarifaço na economia agora deu ao governo espaço para tratar os R$ 30 bilhões da risca de crédito próprio porquê um “valor inicial”. Ou por outra, outras medidas podem ser complementadas ou anunciadas conforme o cenário avança, porquê o próprio presidente Lula reforçou na coletiva de pregão do pacote.

Nessa deixa, o mercado financeiro retomou a história zero superada do risco fiscal.

Ou seja, zero de novo sob o sol. Até agora.