Ibovespa bateu na projeção, e agora?

No IBMEC-RJ, alguns alunos me chamam carinhosamente de Pai Xandoca (PX), pelo acerto das minhas previsões. Mas, uma vez que sempre alerto a eles: “O feeling de PX é resultado de muito trabalho.”

Já comentei cá, faz um tempinho, que fui entrevistado no programa Mercado & Beyond, da BM&C. Depois de vários blocos analisando o cenário macroeconômico, a entrevistadora, jornalista Paula Moraes, quis saber um pouco sobre a vida pessoal e uma vez que havia sido a decisão de me tornar professor. De bate-pronto, respondi que o que mais senhor fazer é lecionar.

Infelizmente, alguns colegas do mercado financeiro não compreendem minha insistência em estar em sala de lição. O argumento deles é que a maioria dos professores opta pela curso por não ter cultura para se estabelecer profissionalmente. É mais ou menos uma vez que: “Não existe professor rico e você é competente no que faz.”

Discordo desse ponto de vista meramente materialista. Pode tanger piegas, mas sempre acreditei (e permaneço acreditando) na força transformadora da ensino sobre os jovens.

Ser professor, para mim, é uma honra. Todavia, é preciso ser com “P” maiúsculo, ter vocação, pois não se trata somente de ensinar conteúdos, mas também de colaborar na formação pessoal, indicando bons valores e princípios para a vida.

Neste momento, por exemplo, estou lecionando a disciplina de Finanças para a turma do curso de Recta da ESPM-SP. Na verdade, posto que seja um duelo, tem sido uma experiência enriquecedora. Ensinar uma material complexa para alunos que, a princípio, são refratários a números é uma tarefa instigante.

Porquê (surpreendentemente!) a maioria está “curtindo”, muitos deles me perguntam se é verosímil, nessa dimensão que abraçaram, atuarem no mercado financeiro, já que estou lhes ensinando em uma vez que utilizar a HP12C e a planilha eletrônica Excel© para cálculos de juros simples, compostos, multas pecuniárias, juros de mora, impostos e por aí vai. Também estou abordando aspectos fundamentais de Recta Societário, compreendidos nas Leis nº 6.404/76 (Lei das S.A.), 10.303/01 e 11.638/07.

Peço desculpas pela longa introdução. Em universal, meus textos na pilar abordam Macroeconomia, Finanças e comportamento de ativos. Hoje vou mesclar, usando meus dois chapéus: nesses quase 40 anos em que atuo no mercado financeiro, já convivi com inúmeros profissionais, inclusive ex-alunos, de diversas áreas de atuação, além de Economia, Gestão e Engenharia, que são as mais comuns.

O que quero expor é que os formados em Relações Internacionais, Marketing, Recta (olha vocês aí, turma!), Informação, Ciências Contábeis, Ciência de Dados, dentre outras, têm caminho livre para trabalhar no mercado financeiro; basta desejar e ter cultura.

Assim, essa história repetida à exaustão de que “o mercado financeiro não tem coração” é falsa! Pelo contrário, é uma vez que coração de mãe (mesmo que seja de bebê reborn), pois sempre cabe mais um.

Antes de fechar, não poderia permanecer sem responder ao “e agora?” do título. Mercado sempre antecipa e creio que a bolsa possa estar comprando a tese de que haverá uma mudança na transporte do país a partir de 2027, diante dos problemas que o atual governo vem enfrentando, que afetam sua popularidade e eventual reeleição. Porquê Tarcísio de Freitas agiu com desenvoltura de pré-candidato em recente evento NY, dessa forma teríamos um verosímil retorno do ministro Paulo Guedes, também efusivamente aplaudido por lá. Penso, mas, que ainda está cedo para esse tipo de aposta, mesmo que seja razoável.

Finalizo homenageando meu pai e meu sogro, que nos deixou recentemente — ambos defendiam que probidade é o maior de todos os valores. Na vida, na política, no dia a dia, e não somente no mercado financeiro, não se pode transgredir em relação à moral e à honra. Fechado é fechado!

Alexandre Espirito Santo, Sócio e Economista-Encarregado da Way Investimentos, professor de Economia e Finanças da ESPM.