Ibovespa fecha em queda com credibilidade fiscal (de novo) sob holofotes

Fernando Haddad fez declarações sobre o tórax fiscal, não descartando mudanças nos parâmetros, durante o evento Rumos, promovido pelo Valor. Na sequência, o ministro precisou usar suas redes sociais para expressar que “gosta da arquitetura do tórax fiscal” e substanciar que está “confortável com os seus atuais parâmetros” – mas aparentemente não convenceu.

“Para o horizonte, eu disse que os parâmetros podem até mudar, se as circunstâncias mudarem, mas defendo o cumprimento das metas que foram estabelecidas pelo atual governo”, disse o ministro.

O principal índice de referência da bolsa brasileira, a B3, encerrou em queda de 0,77%, aos 131.321 pontos.

Desde cedo, o mercado já não repercutia muito as previsões do Boletim Focus, que ficaram “mais otimistas” em relação à inflação, mas seguem pessimistas com o dólar e PIB neste ano.

Os próximos dias serão marcados por divulgações importantes no Brasil e no mundo. Por cá, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que sairá amanhã (25) e o Índice de Preços ao Consumidor Espaçoso 15 (IPCA-15, sabido porquê a prévia da inflação), divulgado na quinta-feira (27) são os destaques.

Em paralelo, fica no radar a agenda econômica do governo. Já circula que a votação da isenção do Imposto de Renda (IR) para salários de até R$ 5 milénio deve ocorrer somente no segundo semestre.

De concórdia com material do Valor, o motivo é o libido do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de que o tema seja muito discutido pelas comissões antes de ir ao plenário. Aliás, o governo também deverá enviar um projeto de lei (PL) com urgência constitucional para formalizar acordos de reajustes com servidores públicos federais.

Nos Estados Unidos, dados de atividade e de inflação também atraem holofotes. Depois o Federalista Reserve (o Fed, BC americano) indicar que espera uma perda de tração da atividade no país, todo e qualquer número que traga sinais sobre o incremento econômico estarão no radar dos investidores.

Caso os dados realmente indiquem uma desaceleração, mas de forma gradual, o gosto a risco pode se manter presente. Mas uma perda de força mais potente pode vir a atrapalhar os mercados globais.

Nesse contexto, as ações com maior peso na carteira teórica do Ibovespa operaram em queda, lideradas pela Vale , Petrobras e os bancos, com exceção do Bradesco .

O desempenho registrado pelo índice foi na contramão da potente subida registrada pelas bolsas americanas, com mais um ‘plot twist’ na romance tarifária de Donald Trump.

O movimento da Vale (VALE3), que perdeu 0,52%, a R$ 57,15, foi na contramão do minério de ferro, que deu um salto na Bolsa de Dalian depois cinco quedas consecutivas. Segundo analistas, apesar do receio de problemas de demanda, as últimas medidas de fomento à economia chinesa devem sustentar os preços no pequeno prazo.

A Petrobras chegou a registrar ganhos até o início da tarde, acompanhando a subida do preço do petróleo no mercado internacional, mas mudou de rumo com o peso das incertezas em relação à política fiscal brasileira. O papel preferencial (PETR4, com preferência no recebimento de proventos) teve desvalorização de 0,14%, cotado a R$ 36,75, e o ordinário (PETR3, com recta a voto nas assembleias de acionistas) caiu 0,25%, a R$ 40,24.

Os papéis dos bancões tiveram bastante volatilidade. O Banco do Brasil (BBAS3) que registrou queda durante praticamente todo o pregão, encerrou sólido, cotado a R$ 28,36, assim porquê Itaú (ITUB4), a R$ 32,18. Já o BTG (BPAC11) perdeu 1,6% e Santander (SANB11) recuou 0,5%.

A saída dos investidores estrangeiros levou o dólar a subir 0,61%, cotado a R$ 5,75.