Ibovespa recua 2,6% em fevereiro e fecha mês com torta de climão nos mercados

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E para quem estava voltando a se empolgar com a renda variável no Brasil…só lamento. Principalmente nesta sexta-feira (28), que fecha fevereiro com um pregão tão tranquilo quanto desarmar uma explosivo.

Teve tensão de todo lado: por cá, Gleisi Hoffmann foi confirmada no comando da Secretaria de Relações Institucionais (SRI); lá fora, a discussão entre os presidentes dos Estados Unidos e da Ucrânia, com recta à prenúncio de terceira guerra mundial, melou a assinatura do entendimento que levaria a um tratado de cessar-fogo no leste europeu.

• Assim, o Ibovespa encerra o mês com perdas acumuladas em 2,64% e de volta aos 122 milénio pontos, no menor patamar desde 24 de janeiro. Só hoje, a queda foi de 1,6%. Na semana, as perdas do índice ficaram em 3,4%. No ano, ainda salva 2% de ganhos.

• O Ibovespa girou R$ 30,3 bilhões, 86% supra da média diária dos últimos 12 meses, de R$ 16,4 bilhões.

A chegada de Gleisi ao Planalto para costurar as relações políticas do governo afundou os humores entre os investidores. Embora já fosse um nome aventado para o missão, a presidente do PT é malvista por grandes agentes financeiros já que é uma das principais opositoras aos ajustes fiscais pelos quais o mercado tanto clama.

O economista Alexsandro Nishimura, diretor da Nomos, reforça que a novidade gerente da SRI gera preocupação no mercado “pois há uma percepção de que a deputada federalista compõe uma renque mais radical do partido, além de ter sido voz ativa contra medidas de ajuste fiscal, o que pode dificultar a agenda econômica.”

Outrossim, é sabido que Gleisi é uma das maiores críticas dentro do governo ao ministro da Rancho, Fernando Haddad, e ao trabalho da sua equipe econômica.

Pode ser que sua chegada confirme a inclinação de Lula a uma agenda mais populista, uma vez que forma para recobrar secção da popularidade perdida, e que o queima colega contra Haddad aumente, o que pode minar ainda mais os esforços do ministro de sofrear os gastos públicos.

Assim, as apostas para os juros escalaram.

• Assim, a taxa de Repositório Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 saiu de 14,80% para 14,96% ao ano. Prêmios em contratos de pequeno prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
• No médio prazo, os retornos da taxa para janeiro de 2029 oscilaram de 14,73% para 15,04% ao ano.
• Já para janeiro de 2036, a taxa foi de 14,68% para 14,98%. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo.

Neste ponto, Rodrigo Cohen, comentador e cofundador da Escola de Investimentos, discorda. Para ele, o pregão era amplamente esperado e “essa indicação é pouco significativa a ponto de influenciar o mercado.”

Para ele, a bolsa cai pelo emoção dos preços das commodities. De indumento, as cotações do petróleo e do minério mergulharam no exterior, levando consigo ações das grandes exportadoras.

Entre elas, aparecem os pesos-pesados da carteira do Ibovespa, Vale e Petrobras. Juntas, as companhias têm muro de 24% de fatia no índice. A petrolífera que, aliás, tem provocado bastante turbulência na bolsa desde ontem, com acionistas repercutindo o prejuízo bilionário no quarto trimestre de 2024 – que a companhia reportou na última quarta.

Mas a queda foi generalizada hoje.

• Das 87 ações que compõem atualmente o Ibovespa, 77 cederam hoje. No mês de fevereiro, 58 se desvalorizaram.

“Contribui à queda das empresas exportadoras, a confirmação de Donald Trump que as tarifas de bens importados da China, México e Canadá entram em vigor na próxima semana. Isso aumenta os temores em relação ao Brasil, porque não sabemos quais serão seus próximos passos”, diz Cohen.

Falando em Trump, o bate-boca entre ele e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pôs um término trágico – ao menos por ora – às tratativas do entendimento entre Rússia e Ucrânia por um término da guerra.

A discussão escalou de tal forma que o presidente americano chegou a mencionar que a “arrogância” do líder ucraniano poderia levar a uma terceira guerra mundial.

Com a torta de climão que pode levar ao endurecimento da postura externa do republicano, era chegada a hora de percorrer para proteger as carteiras.

• O dólar mercantil avançou 1,5% hoje e encerrou fevereiro a R$ 5,92, devolvendo as perdas no mês, que fecha com um saldo de subida de 1,35%. Nesta semana, subiu 3,24%. No ano, ainda salva queda de 4,26% contra o real.

“O movimento acontece também por conta do feriado de Carnaval e a bolsa só volta a transfixar na quarta-feira da semana que vem à tarde. Quando o mercado fica alguns dias fechado, o investidor fica com pé atrás em relação a querer montar alguma posição mais arriscada para o período, já que pode intercorrer alguma coisa lá fora no cenário extrínseco e cá sem que ele possa se mexer. Então isso também com certeza contribui para a subida do dólar e queda da bolsa hoje”, conclui Cohen.