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Ibovespa sobe 2,8%, maior ganho diário em quase 2 anos

Ibovespa sobe 2,8%, maior ganho diário em quase 2 anos

Ibovespa sobe 2,8%, maior ganho diário em quase 2 anos

Ibovespa sobe 2,8%, maior ganho diário em quase 2 anos

Deus e o diabo moram nos detalhes. Nesta quarta-feira (15), foram traços divinos que apareceram nos dados daqui e dos Estados Unidos.

À primeira vista, a inflação americana veio acima do esperado, e o setor de serviços no Brasil recuou mais que o estimado. Notícias nada agradáveis para os mercados.

Mas os investidores acharam nas entrelinhas motivos para apostar em cenários melhores nos dois mercados.

O último gás da euforia no exterior veio com a confirmação de um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, que pode aliviar ainda mais o cenário inflacionário global.

Então houve muito espaço para aventuras nas carteiras hoje. Os índices de Nova York dispararam mais de 2% nesta sessão.

  • Já o Ibovespa avançou 2,81%, na sua maior alta diária em quase dois anos – desde 5 de maio de 2023, quando subiu 2,91%, não alcançava tal feito. A disparada do índice hoje foi suficiente para virar o saldo acumulado neste ano para o positivo: saiu de uma perda de 0,82% para um ganho de 1,97% após a sessão de hoje. O índice encerrou o dia precisamente nos 122.650 pontos.

Investidores relaxaram as preocupações com um possível repique inflacionário nos EUA. Se o ritmo de alta dos preços arrefecer ou se só não for tão ruim quanto esperado, já será suficiente para aliviar a pressão sobre os juros.

Quem sabe até, o banco central americano (Fed, o Federal Reserve) encontra uma brecha para mais uma redução nas taxas?

Nessa toada, os futuros de juros daqui acompanharam a descompressão das negociações dos títulos públicos dos EUA (Treasuries).

As taxas de futuros de juros no Brasil renovaram o nível mais baixo deste ano, descendo quase todas abaixo dos 15%.

  • A Taxa de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 saiu de 14,90% para 14,83% ao ano. Prêmios em contratos de curto prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
  • No médio prazo, os retornos da taxa para janeiro de 2029 oscilaram de 15,16% para 14,83% ao ano.
  • Já para janeiro de 2036, a taxa foi de 14,65% para 14,34%. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo.

Diante das boas novas, o apetite ao risco foi liberado em todas as classes. E sobrou estômago para investidores estrangeiros se servirem até de uma fatia de Brasil.

  • O giro financeiro do Ibovespa foi de R$ 19,2 bilhões, 17% acima da média diária dos últimos 12 meses, de R$ 16,4 bilhões.

Espaço não faltava: os gringos vinham se desfazendo de posições no mercado secundário (de negociação entre investidores, sem emissão de ações) desde o começo do ano. De acordo com dados da B3, apenas no pregão dia 7 de janeiro o saldo foi positivo. Assim, no acumulado do mês até o dia 13 de janeiro, o êxodo de capital gringo da bolsa brasileira beira os R$ 5 bilhões.

E esse fluxo de volta dos recursos é essencial para regular o apetite também do investidor local, já que os estrangeiros são a maior engrenagem do mercado de ações no Brasil. Em 2024, eles representaram 56% dos negócios na nossa bolsa.

  • Das 87 ações na carteira do índice atualmente, 85 encerraram o pregão com ganhos.

Com maior fluxo comprador na nossa bolsa, o dólar firmou a queda na parte da tarde. O câmbio ampliou o movimento no mercado local conforme crescia a convicção dos investidores de um horizonte não tão nefasto assim para a renda variável no Brasil.

Mas que detalhes dos dados agradaram?

Os bons ventos vieram mesmo do exterior. A inflação cheia ao consumidor americano (CPI, na sigla em inglês) ficou em 0,4% em dezembro, um pouco acima do esperado. Mas ela era o menos importante.

Agradou o mercado o fato de o núcleo dessa inflação ter desacelerado depois de quatro meses seguidos em aceleração. Esse grupo exclui dos preços mais voláteis – como o de alimentos e energia – por isso é um termômetro mais fiel do ambiente inflacionário.

Com essa sinalização, a inflação do núcleo do CPI, o ritmo de alta dos preços medido pelo Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) pode também desacelerar – e este é o parâmetro preferido pelo Fed para acompanhar o mercado americano.

Para Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, o dado de hoje mostrou que a economia dos EUA está voltando ao equilíbrio.

“E isso traz um alívio para o Fed poder reduzir os juros na próxima reunião, que acontece no final do mês. As apostas de que os juros americanos vão cair em 0,25 ponto percentual aumentaram, assim como também aumentaram as chances de os juros caírem mais uma vez, na reunião seguinte a esta de janeiro”, afirmou.

No Brasil, embora o sinal esteja invertido, a sinalização é a mesma.

O recuo no setor de serviços (que estava no radar do Banco Central como uma fonte inflacionária relevante) abre mais um espaço para segurar a alta de juros por aqui.

O rumo da Selic deve inverter? Provavelmente, não. Ou melhor, não tão cedo. A taxa básica de juros da economia brasileira deve seguir o direcionamento dado pelo BC em dezembro e escalar aos 14,25% até a reunião de março.

Mas só de estar em um ambiente mais benigno globalmente, pode não ir além disso – contrário do que o mercado apostava até então.

No fim, os ventos lá fora indicam mudanças que podem ajudar a bolsa brasileira. Resta saber se são duradouros.

E se é cedo demais ou já dá para sonhar com um 2025 diferente de 2024.

gettyimages-126257564 Ibovespa sobe 2,8%, maior ganho diário em quase 2 anos
Alta — Foto: Getty Images

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