Ibovespa tem maior ganho diário em quase 2 anos e vira o jogo em 2025

Saldo do Dia: A fé dos investidores na bolsa brasileira foi renovada por sinais ‘divinos’ vindos do exterior. Com a volta dos gringos para essas bandas, juros e dólar caíram, giro do índice subiu…já dá para sonhar com um ano diferente? Deus e o diabo moram nos detalhes. Nesta quarta-feira (15), foram traços divinos que apareceram nos dados daqui e dos Estados Unidos.
À primeira vista, a inflação americana veio acima do esperado, e o setor de serviços no Brasil recuou mais que o estimado. Notícias nada agradáveis para os mercados.
Mas os investidores acharam nas entrelinhas motivos para apostar em cenários melhores nos dois mercados.
O último gás da euforia no exterior veio com a confirmação de um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, que pode aliviar ainda mais o cenário inflacionário global – e reduzir o risco fiscal nos EUA.
Então houve muito espaço para aventuras nas carteiras hoje. Os índices de Nova York dispararam mais de 2% nesta sessão.
Já o Ibovespa avançou 2,81%, na sua maior alta diária desde 5 de maio de 2023 (quando subiu 2,91%). A disparada do índice hoje foi suficiente para virar o saldo acumulado neste ano para o positivo. Saiu da perda de 0,82% para um ganho de 1,97% após a sessão de hoje, subindo mais um degrau em direção à recuperação. O índice encerrou a sessão precisamente nos 122.650 pontos.
Investidores relaxaram as preocupações com um possível repique inflacionário nos EUA. Se o ritmo de alta dos preços arrefecer ou se só não for tão ruim quanto esperado, já será suficiente para aliviar a pressão sobre os juros.
Quem sabe até, o banco central americano (Fed, o Federal Reserve) encontra uma brecha para mais uma redução nas taxas?
Nessa toada, os futuros de juros daqui acompanharam a descompressão das negociações dos títulos públicos dos EUA (Treasuries).
As taxas de futuros de juros no Brasil renovaram o nível mais baixo deste ano, com todas abaixo dos 15%.
Diante das boas novas, o apetite ao risco foi liberado. E sobrou estômago para investidores estrangeiros se servirem até de uma fatia de Brasil.
Espaço não faltava: os gringos vinham se desfazendo de posições no mercado secundário (de negociação entre investidores, sem emissão de ações) desde o começo do ano. De acordo com dados da B3, apenas no pregão dia 7 de janeiro o saldo foi positivo. Assim, no acumulado do mês até o dia 13 de janeiro, o êxodo de capital gringo da bolsa brasileira beira os R$ 5 bilhões.
No ano passado, a debandada foi de R$ 32,1 bilhões no mercado secundário da B3 (que desconsidera compras nas ofertas subsequentes de ações), a maior desde 2020.
Esse fluxo de volta dos recursos é essencial para regular o apetite também do investidor local, já que os estrangeiros são a maior engrenagem do mercado de ações no Brasil. Em 2024, eles representaram 56% dos negócios na nossa bolsa.
Com maior fluxo comprador na nossa bolsa, o dólar firmou a queda na parte da tarde. O câmbio ampliou o movimento no mercado local conforme crescia a convicção dos investidores de um horizonte não tão nefasto assim para a renda variável no Brasil.
O dólar comercial recuou 0,36%, a R$ 6,02 e agora o sonho de a cotação voltar para baixo dos R$ 6 já não parece algo tão distante assim. No ano, a moeda americana já cedeu 2,52% contra o real.
Mas que detalhes dos dados agradaram?
Os bons ventos vieram mesmo do exterior. A inflação ao consumidor americano foi de 0,4% em dezembro, um pouco acima do esperado, mas ela era a menos importante.
Agradou o mercado o fato de o núcleo da inflação ter desacelerado depois de quatro meses seguidos em aceleração. Esse grupo exclui dos preços mais voláteis – como o de alimentos e energia – por isso é um termômetro mais fiel do ambiente inflacionário.
Para Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, o dado de hoje mostrou que a economia dos EUA está voltando ao equilíbrio.
“E isso traz um alívio para o Fed poder reduzir os juros na próxima reunião, que acontece no final do mês. As apostas de que os juros americanos vão cair em 0,25 ponto percentual aumentaram, assim como também aumentaram as chances de os juros caírem mais uma vez, na reunião seguinte a esta de janeiro”, afirmou.
No Brasil, embora o sinal seja invertido, a sinalização é a mesma. O recuo no setor de serviços (que estava no radar do Banco Central como uma fonte inflacionária relevante) abre mais um espaço para segurar a alta de juros por aqui.
O rumo da Selic deve inverter? Provavelmente, não. Ou melhor, não tão cedo. A taxa básica de juros da economia brasileira deve seguir o direcionamento dado pelo BC em dezembro e escalar aos 14,25% até a reunião de março.
Mas só de estar em um ambiente mais benigno globalmente, pode não ir além disso – contrário do que o mercado apostava até então.
No fim, os ventos lá fora indicam mudanças que podem ajudar a bolsa brasileira. Resta saber se são duradouros.
E se é cedo demais ou já dá para sonhar com um 2025 diferente de 2024.
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À primeira vista, a inflação americana veio acima do esperado, e o setor de serviços no Brasil recuou mais que o estimado. Notícias nada agradáveis para os mercados.
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O último gás da euforia no exterior veio com a confirmação de um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, que pode aliviar ainda mais o cenário inflacionário global – e reduzir o risco fiscal nos EUA.
Então houve muito espaço para aventuras nas carteiras hoje. Os índices de Nova York dispararam mais de 2% nesta sessão.
Já o Ibovespa avançou 2,81%, na sua maior alta diária desde 5 de maio de 2023 (quando subiu 2,91%). A disparada do índice hoje foi suficiente para virar o saldo acumulado neste ano para o positivo. Saiu da perda de 0,82% para um ganho de 1,97% após a sessão de hoje, subindo mais um degrau em direção à recuperação. O índice encerrou a sessão precisamente nos 122.650 pontos.
Investidores relaxaram as preocupações com um possível repique inflacionário nos EUA. Se o ritmo de alta dos preços arrefecer ou se só não for tão ruim quanto esperado, já será suficiente para aliviar a pressão sobre os juros.
Quem sabe até, o banco central americano (Fed, o Federal Reserve) encontra uma brecha para mais uma redução nas taxas?
Nessa toada, os futuros de juros daqui acompanharam a descompressão das negociações dos títulos públicos dos EUA (Treasuries).
As taxas de futuros de juros no Brasil renovaram o nível mais baixo deste ano, com todas abaixo dos 15%.
Diante das boas novas, o apetite ao risco foi liberado. E sobrou estômago para investidores estrangeiros se servirem até de uma fatia de Brasil.
Espaço não faltava: os gringos vinham se desfazendo de posições no mercado secundário (de negociação entre investidores, sem emissão de ações) desde o começo do ano. De acordo com dados da B3, apenas no pregão dia 7 de janeiro o saldo foi positivo. Assim, no acumulado do mês até o dia 13 de janeiro, o êxodo de capital gringo da bolsa brasileira beira os R$ 5 bilhões.
No ano passado, a debandada foi de R$ 32,1 bilhões no mercado secundário da B3 (que desconsidera compras nas ofertas subsequentes de ações), a maior desde 2020.
Esse fluxo de volta dos recursos é essencial para regular o apetite também do investidor local, já que os estrangeiros são a maior engrenagem do mercado de ações no Brasil. Em 2024, eles representaram 56% dos negócios na nossa bolsa.
Com maior fluxo comprador na nossa bolsa, o dólar firmou a queda na parte da tarde. O câmbio ampliou o movimento no mercado local conforme crescia a convicção dos investidores de um horizonte não tão nefasto assim para a renda variável no Brasil.
O dólar comercial recuou 0,36%, a R$ 6,02 e agora o sonho de a cotação voltar para baixo dos R$ 6 já não parece algo tão distante assim. No ano, a moeda americana já cedeu 2,52% contra o real.
Mas que detalhes dos dados agradaram?
Os bons ventos vieram mesmo do exterior. A inflação ao consumidor americano foi de 0,4% em dezembro, um pouco acima do esperado, mas ela era a menos importante.
Agradou o mercado o fato de o núcleo da inflação ter desacelerado depois de quatro meses seguidos em aceleração. Esse grupo exclui dos preços mais voláteis – como o de alimentos e energia – por isso é um termômetro mais fiel do ambiente inflacionário.
Para Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, o dado de hoje mostrou que a economia dos EUA está voltando ao equilíbrio.
“E isso traz um alívio para o Fed poder reduzir os juros na próxima reunião, que acontece no final do mês. As apostas de que os juros americanos vão cair em 0,25 ponto percentual aumentaram, assim como também aumentaram as chances de os juros caírem mais uma vez, na reunião seguinte a esta de janeiro”, afirmou.
No Brasil, embora o sinal seja invertido, a sinalização é a mesma. O recuo no setor de serviços (que estava no radar do Banco Central como uma fonte inflacionária relevante) abre mais um espaço para segurar a alta de juros por aqui.
O rumo da Selic deve inverter? Provavelmente, não. Ou melhor, não tão cedo. A taxa básica de juros da economia brasileira deve seguir o direcionamento dado pelo BC em dezembro e escalar aos 14,25% até a reunião de março.
Mas só de estar em um ambiente mais benigno globalmente, pode não ir além disso – contrário do que o mercado apostava até então.
No fim, os ventos lá fora indicam mudanças que podem ajudar a bolsa brasileira. Resta saber se são duradouros.
E se é cedo demais ou já dá para sonhar com um 2025 diferente de 2024.
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