Ibovespa tem maior queda desde 2021 posteriormente indicação de Flávio Bolsonaro à pré-candidatura

Depois renovar o recorde de pontos durante o pregão, o Ibovespa afundou 4,31% nesta sexta-feira (5), maior queda do principal índice da bolsa de valores brasileira desde 22 de fevereiro de 2021, quando recuou 4,87%. Do firmamento ao inferno, a mudança de direção ocorreu depois de o ex-presidente Jair Bolsonaro declarar que seu rebento, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), será o seu pré-candidato à Presidência da República em 2026. A informação foi confirmada ao Valor pelo presidente pátrio do PL, Valdemar Costa Neto. A indicação de um candidato de dentro da família Bolsonaro foi lida pelo mercado uma vez que negativa para a direita nas próximas eleições, considerando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tentará a reeleição. Isso porque a pré-candidatura de Flávio implica que nomes de centro-direita terão menos espaço na disputa. Na visão de investidores, um nome mais ao meio tem mais chances de derrotar Lula nas urnas e realizar um ajuste fiscal nas contas públicas.

O pior saldo quotidiano do Ibovespa em quase 5 anos levou o índice a fechar em queda de 0,89% na semana. Depois tocar a máxima histórica de 165.036 pontos, o índice atingiu a mínima do dia aos 157.007 pontos. O dólar mercantil disparou 2,43%, cotado a R$ 5,43.
Houve uma piora generalizada das ações listadas no Ibovespa posteriormente a notícia. Dos 82 papéis do índice, 77 fecharam em queda. Ações mais cíclicas da carteira registraram as maiores baixas: Yduqs (YDUQ3), Azzas 2154 (AZZA3), Cyrela (CYRE3), Magazine Luiza (MGLU3) e Assaí (ASAI3).

Até o início da tarde, o mercado vinha sustentando o rali com base nos dados de inflação dos Estados Unidos, que vieram em risca com as expectativas e reforçaram as apostas de incisão de juros pelo Federalista Reserve (Fed) já na próxima reunião.

A viradela da bolsa ocorreu quando a indicação de Flávio Bolsonaro uma vez que pré-candidato foi divulgada. Segundo analistas, o aval de Jair Bolsonaro a seu rebento mais velho para disputar a Presidência uma vez que seu representante divide a direita e pode prejudicar a alternância de poder em 2026. Os nomes preferidos do mercado para a disputa são o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).

A vitória de um nome de direita seria bem-vinda pelo mercado para um eventual ajuste fiscal. Essa sistema das contas públicas poderia dar mais fôlego ao Ibovespa, e os investidores acreditam que ela sairia de um nome da direita e de oposição a Lula.

Entre gestores e operadores na Faria Lima, a avaliação é que Flávio Bolsonaro teria menos chances de derrotar o presidente Lula, além de gerar mais rumor político.

“Os investidores acreditam que a direita unida em torno de um nome, uma vez que Ratinho ou Tarcísio, seria melhor que dividida entre vários candidatos”, diz Fernando Siqueira, director de estudo da Eleven Financial. Nesse sentido, a nomeação veio uma vez que um choque no mercado, porque os investidores esperavam qualquer dos governadores uma vez que representante mais potente da direita em 2026.

“A suposta indicação de um nome pelo Bolsonaro sem alinhar com outras lideranças mostra que esse cenário de unidade pode não se concretizar”, completa.

A ingressão de Flávio Bolsonaro na corrida pela Presidência foi mal recebida pelo mercado porque “não traz novos votos e afasta os eleitores de meio”, na avaliação de Flávio Conte, crítico da Levante Corp. A antecipação do debate eleitoral trouxe de volta ao radar o risco de acirramento da polarização política, e as próximas pesquisas podem mostrar uma reação negativa caso a indicação de Flávio Bolsonaro uma vez que candidato seja formalizada.

Em tese, investidores veem com mais simpatia um cenário de troca de governo ancorada em uma agenda fiscal mais previsível e responsável, o que ajudaria a reduzir o prêmio de risco dos ativos brasileiros.

O índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos Estados Unidos subiu 0,3% em setembro, em risca com o consenso. O núcleo do PCE avançou 0,2% no mês, também dentro das projeções. Na verificação anual, tanto o PCE pleno quanto o núcleo ficaram em 2,8%, com o núcleo levemente aquém da expectativa de 2,9%.

Com isso, o mercado manteve elevada a aposta de que o Federalista Reserve (Fed, o banco mediano americano) deve iniciar o ciclo de incisão de juros já na próxima reunião. Segundo os contratos futuros de Fed Funds, a verosimilhança de redução de 0,25 ponto segue ao volta de 90%.

No Brasil, os juros futuros firmaram subida potente posteriormente a indicação de Flávio Bolsonaro, refletindo a tensão dos investidores com o cenário político para as eleições de 2026.

A expectativa de que o Fed incisão os juros na próxima reunião tende a reduzir a pressão sobre o dólar, ao diminuir a atratividade dos títulos americanos. Esse movimento facilita o trabalho do Banco Medial, pois um câmbio mais comportado ajuda a sofrear a inflação, abrindo espaço para que a Selic também entre em trajetória de queda.

Na prática, a queda dos juros nos EUA mantém o diferencial de taxas saliente, favorece a ingressão de capital, impulsiona a bolsa e abre espaço para cortes na Selic.

Orçamento de 2026 e proventos

No front político, o Congresso aprovou o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026. O texto prevê o pagamento de emendas parlamentares e determina que eventuais contingenciamentos deverão mirar o limite subalterno da meta de resultado primordial. A proposta segue agora para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No noticiário corporativo, a temporada de anúncios de proventos segue no radar. A Cyrela aprovou a distribuição de dividendos intermediários no valor totalidade de R$ 1 bilhão, o equivalente a R$ 2,73 por ação ordinária.

Já a EZTec aprovou um aumento de capital de R$ 1,41 bilhão, com a emissão de 60 milhões de ações ordinárias para bonificação aos acionistas.