Inadimplência ainda assombra Fiagros um ano em seguida crise de crédito
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_f035dd6fd91c438fa04ab718d608bbaa/internal_photos/bs/2020/z/a/AbK6PATj2i0KOpf6HysA/gettyimages-847334914.jpg?ssl=1)
Um ano depois da vaga de inadimplência que abalou o mercado de Fiagros em 2024, os problemas de crédito continuam presentes em boa segmento das carteiras. São 16 fundos que investem em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) neste tipo de situação, sendo que 13 já enfrentavam dificuldades semelhantes desde outubro do ano pretérito. Apesar das renegociações e reestruturações anunciadas ao longo de 2025, o quadro pouco evoluiu nos últimos doze meses.
Segundo estudo feito pela Uqbar a pedido do Valor Investe, entre os fundos que permanecem com ativos problemáticos estão nomes já conhecidos dos investidores.
Fundos com problemas há um ano
O SFI Investimentos do Agronegócio (IAGR11) continua exposto a uma série de CRAs relacionados a operações das empresas Três Irmãos, Piva, Mitre e Castilhos, os mesmos papéis que motivaram as fortes quedas de 2024.
O Galapagos Recebíveis (GCRA11) também segue com segmento de sua carteira comprometida, ainda impactado pelos mesmos emissores que entraram em recuperação judicial no ano pretérito.
O JGP Crédito (JGPX11) e o JGP Crédito Agro (JGPT11) continuam ligados a operações com a AgroGalaxy, empresa que atravessou um longo processo de renovação financeira.
Outros nomes que estavam na lista de fundos com exposição a FIDCs e CRAs com problemas de crédito no último ano e seguem na mesma situação incluem o Fiagro BB (BGO11), Exes Araguaia (AGRX11), o Capitânia Agro Crédito (CPAC11), o Capitânia Agro Strategies (CPTR11), o AZ Quest Luna (AZQA11) e o AZ Quest Sole (AAZQ11).
Também permanecem com ativos inadimplentes os fundos BTG Pactual Terras Agrícolas (BTRA11), Kijani Asatala (KJNT11) e Greenwich Agro (GRWA11).
Fundos com problemas de crédito desde 2024
| Fiagros | Código | Ativo estressado | Patrimônio Líquido (PL) | 
| KIJANI ASATALA | KJNT11 | AgroGalaxy, Holcasher | R$ 639,2 milhões | 
| Az Quest Luna | AZQA11 | FIDC Caetê, CRA Agrogalaxy | R$ 534,3 milhões | 
| Capitania Agro Strategies | CPTR11 | Patense, Agrogalaxy, CRAS Brasil | R$ 402,4 milhões | 
| BTG Pactual Terras Agrícolas | BTRA11 | Rancho JR, Rancho Colibri, Rancho Vianmacel | R$ 370,8 milhões | 
| FIAGRO BB | BBGO11 | CRA Lavoro | R$ 366,9 milhões | 
| Capitânia Agro Crédito | CPAC11 | Patense, Agrogalaxy, CRAS Brasil | R$ 255,1 milhões | 
| Az Quest Sole | AAZQ11 | FIDC Caetê, CRA Agrogalaxy | R$ 207,5 milhões | 
| JGP Crédito | JGPX11 | Agrogalaxy, CRA Lavoro | R$ 198,8 milhões | 
| JGP Crédito Agro | JGPT11 | Agrogalaxy, CRA Lavoro | R$ 183,5 milhões | 
| Exes Araguaia | AGRX11 | CRA Agrogalaxy | R$ 182,5 milhões | 
| Galapagos Recebíveis do Agronegóci | GCRA11 | CRA Três Irmãos, CRA Mitre, CRA Castilhos | R$ 149,7 milhões | 
| Greenwich Agro | GRWA11 | Patense, Agrogalaxy, Copagri, Cras Brasil | R$ 27,5 milhões | 
| FIAGRO SFI | IAGR11 | CRA 3 Irmãos, CRA Piva, CRA Castilhos, CRA Mitre | R$ 17,9 milhões | 
Novos casos de inadimplência
Entre os Fiagros que entraram na lista estão o Ourinvest Innovation (OIAG11), o FYTO Recebíveis do Agronegócio (NCRA11) e o Vinci Crédito Agro (VICA11), que passaram a reportar atrasos e renegociações em suas carteiras ao longo deste ano.
O caso do VICA11 labareda atenção pelo porte do fundo, que administra mais de R$ 380 milhões, e pela presença de CRAs com emissões de grande volume, porquê o CRA Heliomar, que sozinho responde por pouco mais de 10% do patrimônio líquido do fundo.
O Fiagro OIAG11, por sua vez, trouxe para o radar o nome do CRA Copagri, que vem enfrentando dificuldades financeiras em operações ligadas ao agronegócio de insumos.
Novos Fiagros com problemas de crédito em 2025
| Fiagros | Código | Ativo estressado | Patrimônio Líquido (PL) | 
| FIAGRO Vinci Crédito Agro | VICA11 | CRA Mattei Malage, CRA Heliomar Martins | R$ 381,3 milhões | 
| FIAGRO Ourinvest Innovation | OIAG11 | Copagri | R$ 89 milhões | 
| FIAGRO FYTO Recebíveis do Agronegócio | NCRA11 | CRA Castilhos | R$ 47,1 milhões | 
Recuperação lenta e cuidados na hora de investir
De modo universal, a persistência dos mesmos nomes nas listas de inadimplência indica que a recuperação segue lenta. No último ano, os Fiagros com qualquer tipo de problema de crédito chegaram a desabar até 31%, refletindo o aumento da percepção de risco em seguida os pedidos de recuperação judicial de empresas porquê AgroGalaxy.
Um ano depois, boa segmento dessas carteiras ainda carrega papéis de difícil liquidação, o que mantém os fundos sob pressão.
Em relatórios dos fundos, a maioria das gestoras afirma que as garantias continuam sólidas e que as recuperações devem ocorrer de forma gradual, mas o histórico mostra que a materialização desses planos leva tempo e depende, inclusive, de fatores macroeconômicos, porquê o nível de juros, a liquidez do crédito rústico e o preço das commodities agrícolas.
Ou seja, a permanência de 13 fundos com os mesmos problemas de um ano detrás reforça que os efeitos do choque de 2024 continuam reverberando sobre os Fiagros em 2025.
Embora esses fundos ofereçam rendimentos atrativos em períodos de taxa Selic elevada, o investidor também precisa ponderar que, por outro lado, os juros mais altos encarecem o dispêndio de financiamento das empresas agrícolas, aumentando a chance de detença ou inadimplência, que foi o que vimos em várias carteiras nos últimos meses.
Por isso é importante priorizar Fiagros com boa diversificação setorial (entre culturas, por exemplo) e maior liquidez em bolsa, além de fundos com histórico de gestão ativa. Finalmente, dividendo cumeeira é atrativo, mas pode vir escoltado de um risco que o investidor só percebe quando o devedor atrasa.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_f035dd6fd91c438fa04ab718d608bbaa/internal_photos/bs/2020/z/a/AbK6PATj2i0KOpf6HysA/gettyimages-847334914.jpg)
                                                                                
                                    
                                    
                                    
                                    
                                    
Publicar comentário