Inflação reforça aposta em juros menores e dá fôlego à bolsa

• No fechamento, o principal índice da B3 avançou 0,3%, a 146.172 pontos, acumulando lucro de 1,9% na semana. No mês, praticamente zerou as perdas. No ano, a valorização é de 21,5%.

Das 82 ações da carteira teórica, 66 subiram e somente 15 caíram na semana.

Inflação mais baixa embala mercado

O ponto superior da semana foi a divulgação de dados de inflação mais suaves, tanto no Brasil quanto nos EUA, que ajudaram a sustentar o bom humor global.

Por cá, o IPCA-15, prévia da inflação solene, subiu 0,18% em outubro, aquém da mediana das projeções do Valor Data, de 0,24%.

Foi a menor variação para o mês desde 2022 e marcou o quinto mês seguido de deflação nos preços de provisões e bebidas, grupo de poderoso peso no orçamento das famílias.

Além do conforto nos preços de bens essenciais, a leitura qualitativa também foi positiva: serviços subjacentes, que são mais sensíveis ao ciclo econômico, mostraram desaceleração.

O resultado indica um viés mais positivo para o quadro inflacionário, embora ainda não sinalize uma melhora consistente. A confirmação dessa tendência vai depender das próximas leituras, que vão indicar se essa desaceleração é sustentável.

Mesmo assim, o comportamento mais benigno do IPCA-15 contribuiu para as apostas de antecipação do próximo namoro da Selic, abrindo espaço para que o Banco Mediano reduza os juros já em janeiro, e não somente em março, caso a dinâmica atual de preços continue favorável.

CPI dos EUA reforça cortes de juros

Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 0,3% em setembro, aquém da expectativa de 0,4%. Em 12 meses, a inflação acumulada foi de 3%, ainda supra da meta de 2% perseguida pelo Federalista Reserve (Fed, banco meão americano).

O oferecido reforçou as apostas de mais dois cortes de juros ainda em 2025.

Mas o consenso sobre a política monetária americana não é unânime. Apesar do conforto nos preços, há quem acredite que o Fed pode fazer uma pausa no ciclo de flexibilização em dezembro, caso os próximos dados mostrem perda de tração no processo de desinflação.

• As apostas mais conservadoras indicam que os juros, hoje no topo da margem de 4,25%, podem tombar somente até 3,5%, patamar mais superior que o esperado pela média do mercado, de 3%.

A avaliação é de que a trajetória da inflação americana deve instaurar o comportamento dos juros longos e o ritmo das bolsas, com alguma possibilidade de pausa no rali nos índices em Novidade York em seguida a poderoso valorização do ano.

Por ora, para os investidores, o cenário ainda é positivo: juros menores reduzem o dispêndio de capital das empresas e aumentam o valor presente dos lucros futuros, o que tende a impulsionar as bolsas.

Aliás, a queda dos rendimentos dos títulos soberanos tende a propiciar o fluxo de capital para emergentes, uma vez que o Brasil.

Cautela externa limita o fôlego da bolsa

Mesmo com o impulso trazido pelos dados de inflação, o Ibovespa só não avançou mais na sessão de hoje por motivo da piora no clima mercantil no exterior.

As negociações entre EUA e Canadá voltaram a gerar incertezas e limitaram o movimento de subida.

A decisão do presidente Donald Trump de fechar as conversas com o Canadá foi vista uma vez que um gesto de endurecimento na política mercantil de Washington, reacendendo dúvidas sobre o rumo das tratativas com Pequim.

Esse envolvente de tensão serviu uma vez que freio ao gosto por risco, às vésperas do encontro entre Trump e Xi Jinping, previsto para a próxima semana.

Embora o impacto subitâneo das declarações de Trump tenha sido restringido, o tom mais hostil aumentou a percepção de instabilidade e lembrou ao mercado o caráter imprevisível das negociações conduzidas pelos EUA.

O conflito tarifário continua sendo um dos principais fatores de instabilidade nos mercados globais. Em universal, as tarifas recíprocas entre EUA e China, previstas para entrar em vigor em novembro, mantêm os investidores em alerta e aumentam a pressão sobre os ativos de risco.

No mercado de câmbio, o dólar chegou a recuar em seguida a divulgação do CPI americano, diante da leitura de que a menor pressão inflacionária pode permitir ao Fed seguir cortando juros.

O movimento, no entanto, perdeu força ao longo do dia, acompanhando a volatilidade observada nas principais moedas globais.

• O dólar encerrou a sessão em ligeiro subida de 0,1%, a R$ 5,3921. Na semana, cai 0,2%. No mês, sobe 1,3%. No ano, fica 12,7% mais barato em relação ao real.