Iniciação de pagamentos com pix já conta com 50 instituições; entenda uma vez que funciona

A Muevy é a mais recente instituição apta ao serviço de iniciação de transações de pagamento (veja a lista completa mais inferior), de consonância com o boletim recém divulgado pelo comitê de governança do open finance (órgão responsável pela implementação, manutenção e monitoramento do ecossistema de compartilhamento de informações dos clientes entre diferentes instituições).

De forma resumida, o Iniciador de Transação de Pagamento (ITP) é uma interface que, uma vez que o próprio nome diz, inicia uma transação e faz com que o recurso do cliente saia da conta dele e caia diretamente na conta do recebedor (que pode ser uma instituição do sistema financeiro ou uma empresa que vende on-line). A transação acontece sem transpor do envolvente da instituição original, com menor manuseio de dados e logins de autenticação entre apps. Ou seja, o usuário consegue finalizar o pagamento sem ter que entrar no aplicativo do seu banco, poupando tempo.

Tudo isso, evidente, acontece a partir do consentimento, ou seja, o aval, do usuário dentro do open finance. É só a partir daí que as instituições são autorizadas pelo usuário a ter entrada e trocar informações.

Gustavo Lino, presidente da Associação dos Iniciadores de Transação de Pagamentos (INIT), entidade que representa empresas de serviços financeiros e de pagamentos, explica que é crescente o uso dos ITPs no varejo, no check-out de compras on-line, ou mesmo nos pagamentos via whatsapp.

“Estamos animados com a evolução e o crescente interesse do mercado em adotar o papel de Iniciadores de Transação de Pagamentos. Os ITPs são peças centrais no ecossistema do open finance e sua relevância vai além da simples movimentação de dados, influenciando diretamente a inovação no setor financeiro brasílico”, sustenta.

O número de ITPs, no entanto, ainda é grave se comparado ao número de instituições participantes do remendo pix (quase 900). Uma das explicações é que a certificação do Banco Mediano para o iniciador de pagamento é mais complexa.

Quais as vantagens de usar o ITP?

Lino defende que há um impacto social da iniciação de pagamentos. “Hoje, muitos brasileiros têm dificuldade de entrada a crédito e nem todos os sites aceitam pagamentos via pix. Com a iniciação de pagamentos, o processo de digitalização chega a uma grande parcela da população que ainda vive às margens da inovação em pagamentos“, pontua.

Mariana Araujo, executiva de Marketing da Belvo no Brasil, fintech de soluções de open finance, pondera que apesar da ampla validação do pix, alguns usuários finais podem hesitar em autorizar pagamentos iniciados por terceiros. Por isso, em sua avaliação, a crédito e a segurança sobe os ITPs são pontos cruciais que precisam ser continuamente tratados pelas empresas do setor.

“Na veras, só somos a tecnologia que faz a transação suceder, mas não armazenamos numerário em momento qualquer. Quanto a dados, as ITPs são reguladas pelo Banco Mediano, têm processos de segurança internos autorizados e muito seguros, além de passarem por auditorias internas e externas frequentes para testarem sua segurança“.

A experiência do usuário também precisa ser priorizada. “Interfaces confusas ou mal projetadas podem ultimar afastando os consumidores”, reforça.

Gastão Mattos, fundador e CEO da consultoria Gmattos, aponta que, para lojistas, sobretudo que vendem on-line, a funcionalidade da iniciação trabalha em prol da conversão do pagamento.

“Essa é uma das premissas mais importantes do negócio, pois com o iniciador, a experiência do pagamento é mais fluída, não sendo necessário o uso e leitura do QR Code para remunerar via pix. Em resumo, a iniciação de pagamentos é uma funcionalidade muito interessante, pois pode simplificar de forma significativa a experiência transacional do pix”.

Araujo, da Belvo, acrescenta que, além de permitir pagamentos mais rápidos e fluidos que reduzem o descuramento de carrinhos de compra, a integração direta do varejo com iniciadoras de pagamento elimina intermediários uma vez que adquirentes e bandeiras de cartão, resultando em economia nas taxas para os varejistas.

Por outro lado, pequenos varejistas tendem a enfrentar mais dificuldades técnicas para integrar essas soluções, o que acaba sendo uma barreira, diz a executiva. “Ainda existem alguns desafios quando falamos da adoção do pix por meio de iniciadoras de pagamento. Muitas vezes o varejista também enxerga unicamente um gasto na adoção dessas soluções, mas não tem teoria das melhorias e benefícios da iniciação de pagamentos, uma vez que a otimização das operações e o aumento das conversões para o seu negócio. Isso reforça a urgência de mais instrução sobre o tema”, diz.

Confira, inferior, a lista de 50 instituições que estão aptas a iniciar o serviço de iniciação de transação de pagamento via pix.