Na máxima em 5 meses, somente 5% separam o Ibovespa de um novo recorde de pontos

• Nesta segunda (17), o principal índice de ações do Brasil avançou 1,46% e fechou a sessão nos 130.834 pontos, o maior patamar em quase cinco meses. No mês de março, o saldo está positivo em 6,5% e, neste ano, os ganhos estão acumulados em quase 8,8%.

Do patamar atual, são mais 5% ou 6,5 milénio pontos até o recorde, de 137.343 pontos, alcançados no fechamento de 28 de agosto. Mas quão provável é para o Ibovespa chegar lá tão logo?

Aí especialistas se dividem. Embora estejam mais otimistas com o mercado brasílico a ponto de tomarem mais risco, o risco ainda mora ao lado. Na verdade, no caso do Brasil, o risco sempre está à espreita.

Enrico Cozzolino, sócio e patrão de análises da Levante Investimentos, coloca uma vez que principal ponto de cautela a decisão sobre juros desta quarta-feira. Embora a subida de 1 ponto na Selic seja amplamente esperada, o tom do expedido pode o substanciar a urgência de novos aumentos de juros.

Dependendo do cenário apresentado pelo Comitê de Política Monetária (Copom), as perspectivas para os juros podem ser mais ou menos benéficas à bolsa que investidores esperam. Atualmente, a maioria das expectativas no mercado financeiro aponta para uma Selic estacionando neste ciclo em torno de 15% ao ano.

Mas, por ora, o lado que puxa o otimismo na bolsa brasileira está vencendo. E, nesta ponta, é preciso iniciar pelo cenário extrínseco indo contra o que especialistas projetavam para oriente ano. Neste momento do mercado, essa é uma boa notícia.

Um envolvente menos propício para tomada de risco ou de juros nos Estados Unidos, em meio à desaceleração da economia americana e a falta de perspectivas com as políticas tarifárias de Donald Trump, faz com que o capital de investimento busque refúgio mundo afora.

Portanto os emergentes tomam o protagonismo global. São mercados que, por estarem em estágios intermediários de desenvolvimento econômico, têm potencial de propagação maior – na maioria dos casos.

Aliás, as taxas de juros mais altas fomentam operações de carry trade, um mecanismo usado por investidores para lucrar numerário com a diferença entre as taxas de juros (spread) de dois países.

E falando em juros, o Brasil brilha. Com a Selic nos 13,25% ao ano – e indo para os 14,25% nesta quarta -, o país é um dos poucos com a política monetária em ciclo restritivo.

• Por isso, o dólar mercantil derreteu 1% hoje, a R$ 5,69. No mês de março, a moeda americana desvalorizou quase 3,9% contra o real e, no ano, acumula perdas de quase 8%.

A segunda cartada em obséquio do Brasil saiu da manga da China neste termo de semana. O governo chinês anunciou um novo pacote de estímulos.

Desta vez, apesar de o fomento ao consumo continuar sendo prioritário para a China, o mercado imobiliário também deve ser afetado pelas medidas. Boa notícia para as mineradoras e siderúrgicas, que têm o mercado chinês uma vez que principal mercado no exterior.

• Das 87 ações que compõem o Ibovespa atualmente, 72 avançaram neste pregão.

Perspectivas de aceleração do propagação chinês (ou de uma expansão da economia a um ritmo maior que o projetado atualmente para 2025) puxam o otimismo com o Brasil.

E todo esse conforto lá fora, ao fortalecer a moeda brasileira pela ingresso de recursos no país, finda por serenar a inflação (que tem o câmbio uma vez que um meato indireto).

Nesse desencadear de eventos, o porvir da política monetária brasileira não parece mais se desenrolar em um envolvente periclitante.

• Assim, a taxa de Repositório Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 seguiu em 14,74% ao ano. Prêmios em contratos de limitado prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
• No médio prazo, os retornos da taxa para janeiro de 2029 oscilaram de 14,44% para 14,29% ao ano.
• Já para janeiro de 2036, a taxa foi de 14,47% para 14,37%. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo.

No termo das contas, a bolsa brasileira e suas barganhas em forma de ações parecem mais apetitosas para investidores com tolerância ao risco.

• O giro financeiro na carteira do Ibovespa foi de R$ 17,75 bilhões, 9% supra da média diária dos últimos 12 meses, de R$ 16,3 bilhões – um volume negociado no nível mais fraco desde 2019.

“Empresas varejistas e de consumo subiram mesmo numa semana em que é esperada mais uma subida da Selic e depois um IBC-Br [conhecido como ‘prévia do PIB] supra das expectativas. Porquê a subida em 1 ponto percentual na Selic já é amplamente esperada, as ações reagiram muito ao Boletim Focus, que finalmente trouxe uma projeção de inflação apontando para insignificante. Aliás, a queda do dólar e a expectativa de manutenção de juros nos Estados Unidos anima os investidores. A expectativa é de maior ingresso de capital estrangeiro no Brasil com a subida de juros cá e manutenção de juros nos EUA”, afirma Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da “Eu me banco“, instituição que forma, certifica e treina profissionais para atuação no mercado financeiro.

Um novo recorde para o Ibovespa logo ali?

Sidney Lima, crítico da Ouro Preto Investimentos, acredita que a possibilidade de o Ibovespa renovar seu recorde é “real e fundamentada”. Para ele, fatores uma vez que a expectativa de desaceleração econômica, que pode levar a revisões nas projeções para a taxa de juros, podem finalizar contribuindo para um envolvente favorável ao mercado de ações.

“A expectativa é que setores tradicionais, uma vez que o de commodities e bancos, continuem a desempenhar um papel relevante impulsionando o Ibovespa. Todavia, com a perspectiva de redução das taxas de juros, setores sensíveis a essas variações, uma vez que consumo e varejo, tendem a lucrar destaque, contribuindo para a renovação do recorde histórico do índice no limitado prazo. A questão é só que o peso desses papéis ligados ao consumo e ao varejo é menos relevante na formação da carteira”, pondera Lima.

Já Cozzolino é mais cético. Para ele, com base no histórico recente, o Ibovespa pode até recuar, a depender das sinalizações políticas que possam nascer nesse caminho no limitado prazo.

“E nem precisamos voltar muito no tempo. O Ibovespa estava perto desse patamar antes e, com o proclamação do pacote de ampliação da tira de imposto de renda em novembro do ano pretérito, em dois dias voltou para os 125 milénio pontos. Não cravo que o índice voltará para esse patamar, mas, paralelamente, teremos novos aumentos de juros e a votação do orçamento de 2025, que está bastante atrasada. Ou seja, há possibilidade de correção e a tendência de mais volatilidade de limitado prazo permanece”, alerta o sócio da Levante.

No entanto, Cozzolino mesmo admite que, de negócio com os fundamentos da bolsa atualmente, teria uma vez que os 130 milénio pontos se tornarem um novo nível de suporte para o índice.

Se for esse mesmo o caso, especialistas voltariam a discutir para que patamar o índice iria além…possivelmente, sobre os 140 milénio pontos. E aí? Aí faltará ao índice sustentar o seu novo topo…

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