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Não existe investimento bom ou ruim, depende dos seus objetivos e restrições

Não existe investimento bom ou ruim, depende dos seus objetivos e restrições

Não existe investimento bom ou ruim, depende dos seus objetivos e restrições

Não existe investimento bom ou ruim, depende dos seus objetivos e restrições

Um dos grandes desafios no ofício de professor é selecionar quais conteúdos abordar ou dar mais ênfase nas aulas. A teoria de finanças, por exemplo, é um largo e intrincado busto com vários temas cruzados que torna a tarefa de priorização muito difícil. Uma frase que está sempre a me orientar nestas horas é “o ótimo é inimigo do bom”. O que importa é despertar a curiosidade do aluno e motivá-lo a querer aprender mais, e para isso o melhor a fazer é saber até que profundezas descer.

Um dos assuntos em que costumo investir um pouco mais de tempo em minhas conversas com os alunos é sobre custos de oportunidade. O noção é simples, mas é muito poderoso. À primeira explicação todos parecem entender e, por isso, já seria verosímil passar adiante, mas com um pouco mais de prosa e provocação é verosímil perceber que quando se colocam a pensar em suas decisões de vida, as pessoas compreendem que nem tudo que é trivial merece pouca atenção.

Para explicar custos de oportunidade o melhor a fazer é usar exemplos. Imagine que você está pensando em tirar uma semana de férias e já tomou sua primeira decisão, que é ir para uma praia, e agora precisa escolher entre duas alternativas, Búzios, no Rio de Janeiro ou Ilhabela, em São Paulo. Considerando que no verão você só tenha esta semana de férias, que os destinos são distantes e que seus recursos lhe obrigam a determinar por uma ou outra, podemos expressar que o dispêndio de oportunidade para passar uma semana em Búzios é deixar de aproveitar Ilhabela e o contrário é verdade.

O dispêndio de oportunidade, portanto, é dispêndio que incorremos ao renunciar a uma escolha posta à mesa. Pela perspectiva da decisão, ele é considerado porquê dispêndio devido ao trade off e ao originário desconforto causado, não só por deixar um pouco desejado, mas também pelo temor de remorso que se instala tão logo a decisão é tomada.

Custos de oportunidades estão no dia a dia, todos os dias. Quando um investidor está diante de duas ofertas, digamos um CDB remunerado a 110% do CDI contra um fundo de ações, ele está diante de uma troca entre o ordinário risco sem charme ou a possibilidade charmosa de lucrar um bom verba, mas que também pode resultar em um prejuízo muito repugnante.

Mas pensar em custos de oportunidade nos restringindo a decisões de prazo mais limitado, diminuiu a questão. Vamos a outro exemplo. Imagine um jovem que ao entrar no mercado de trabalho escolhe o estágio em TI na empresa A em detrimento de uma vaga de crítico de ações na empresa B, nesse momento pode ter escolhido uma curso e seu dispêndio de oportunidade talvez seja tudo que deixou de invadir porquê crítico.

Expatriados, quando precisam determinar sobre mudar para um país X ou Y, estão diante do mesmo problema, com impactos não só para si porquê para toda família, em peculiar os filhos pequenos, que inevitavelmente cresceram em uma cultura ou na outra.

Segundo os princípios das finanças tradicionais, somos racionais e, portanto, temos condições de determinar todas as informações disponíveis em relação a ganhos e perdas e classificá-las em ordem de preferência. Nesse sentido, todos somos capazes de selecionar um investimento, ou qualquer outra coisa, com consciência e propriedade.

Mas na verdade não é muito logo que nos comportamos. A razão convive com vieses cognitivos e emoções e as decisões sempre são um misto daquilo que sobressaiu no momento.

Em um famoso estudo realizado na dezena de 80 por Daniel Kahneman e Amos Tversky, dois grupos experimentais foram formados. Um grupo foi estimulado a pensar que iria comprar uma calculadora por US$ 15 e outro uma jaqueta por US$ 125. O vendedor da calculadora portanto informa aos compradores que a mesma calculadora está à venda por US$ 10 em uma filial dissemelhante da loja, que fica a 20 minutos de carruagem. O vendedor das jaquetas faz a mesma manipulação, indicando que a mesma poderia ser adquirida por US$ 120 a unicamente 20 minutos.

Os resultados foram que 68% dos entrevistados disseram que estariam dispostos a encaminhar para poupar US$ 5 na calculadora, enquanto unicamente 29% estariam dispostos a encaminhar os mesmos 20 minutos para poupar os mesmos US$ 5 na jaqueta.

O desconto, ou lucro, envolvido em ambos os cenários é exatamente igual, de US$ 5, mas a forma porquê a situação foi apresentada, o frame, foi manipulado de forma que os participantes o avaliassem de maneira dissemelhante. Para o grupo da calculadora a decisão era poupar US$ 5 em US$ 15, ou 33%, enquanto para o grupo da jaqueta o mesmo valor representava US$ 5 sobre US$ 125, somente 4%.

Para uma pessoa racional, US$ 5 são cinco dólares, não há diferença. Se a questão é quanto valeriam os 20 minutos, eles valem os mesmos US$ 5. Não haveria, assim, motivo para esta inversão em que uma maioria de 68% se torna uma minoria de 29%.

Em uma decisão, sempre tente entender quais são os custos de oportunidade, nunca os despreze. Convoque o Sistema 2 e avalie todos os possíveis ganhos e perdas com paciência e método.

Uma coisa importante sobre o remorso. Quando o horizonte chegar, se por eventualidade você perceber que o dispêndio de oportunidade foi maior que o lucro da sua escolha, não sofra muito. Pense que você investiu seu tempo recolhendo informações, analisando e estudando e tomou a melhor decisão com o que tinha no momento.

Hudson Bessa – Economista e sócio da HB Escola de Negócios
hudson@hbescoladenegocios.com
www.hbescoladenegocios.com

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Hudson Bessa — Foto: Arte sobre foto/Divulgação

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