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O que as maternidades vazias têm a ver com investimentos?

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O que as maternidades vazias têm a ver com investimentos?

Pelo quinto ano contínuo, o Brasil registrou queda no número de nascimentos. Segundo o IBGE, estamos hoje com a menor taxa de natalidade desde 1976. A queda de nascimentos segue a tendência de envelhecimento da população e da perda dos efeitos do bônus demográfico, reduzindo a fatia da população em idade para trabalhar. A consequência proveniente desse cenário é um incremento na demanda por serviços de saúde, assistência social e aposentadorias.

Observando a dinâmica da maior segmento das economias desenvolvidas, vemos que estão entrando em um ponto de inflexão demográfica sem precedentes na história moderna. Durante décadas, as nações avançadas prosperaram com o propagação populacional, que impulsionou a demanda do consumidor, expandiu a força de trabalho e sustentou os sistemas de bem-estar social. Agora, no entanto, estamos testemunhando os estágios iniciais do que os pesquisadores chamam de “era do despovoamento” (do inglês, “depopulation”). Países da Europa, Leste Asiático e até mesmo partes da América do Setentrião estão começando a encolher, silenciosa, mas continuamente, e as consequências econômicas podem ser profundas.

No início da dez de 2030, muitas economias avançadas começarão a testar não somente envelhecimento, mas declínios populacionais absolutos. Japão, Coreia do Sul, Itália, Alemanha e China já estão nesse ponto de inflexão ou próximos dele (relatório demográfico das Nações Unidas, 2022). O Japão perdeu quase 3 milhões de pessoas desde que sua população atingiu o pico em 2008. A taxa de fertilidade da Coreia do Sul, medida pelo número de filhos por parelha, caiu para um nível sem precedentes de 0,72 em 2023, muito aquém do nível de reposição de 2,1 (Statistics Korea, 2024). A China viu sua população tombar em 2022 pela primeira vez em mais de 60 anos (National Bureau of Statistics of China, 2023).

O declínio populacional não significa somente menos pessoas. Significa menos trabalhadores, menos consumidores e mais aposentados. Os mercados de consumo sofrerão uma contração, mormente em setores voltados para os jovens, uma vez que tendência, fast food e entretenimento. Economias baseadas no consumo em volume precisarão adotar um novo protótipo de geração de valor menos dependente do propagação populacional.

Ganhos de produtividade por meio da automação e da perceptibilidade sintético podem ressarcir parcialmente a escassez de mão de obra, mas não substituirão o impacto econômico de uma sociedade em retração. As gerações mais jovens precisarão gastar menos, forrar mais e protelar decisões importantes da vida, moldadas pelo fardo de sustentar pais idosos que não tiverem conquistado independência financeira, ou que tem dificuldade de tapulhar seus gastos pessoais, e pelos sistemas de previdência e pensões públicas já sobrecarregadas (Kharas & Dooley, 2021).

Os perdedores podem incluir países com políticas de imigração rígidas ou em processo de endurecimentos, uma vez que os EUA, e sistemas de bem-estar social sobrecarregados, uma vez que a maioria dos países europeus. Japão e Coreia do Sul, apesar de serem potências tecnológicas, enfrentam abismos demográficos e participação limitada de mulheres e imigrantes na força de trabalho. A Itália e a Europa Oriental sofrem com a fuga de jovens, à medida que trabalhadores qualificados migram para economias mais modernas e dinâmicas.

Países uma vez que Canadá e Austrália, que mantêm políticas de imigração relativamente abertas e sociedades multiculturais, podem ser os vencedores. Os EUA, embora enfrentem ventos demográficos contrários, ainda apresentam uma taxa de fertilidade mais subida, de 1,621, e fortes fluxos migratórios (Meio de Controle e Prevenção de Doenças [CDC], 2024), porém esse último fator está prestes a ser revertido pelas políticas recentes adotadas pelo novo presidente do partido republicano.

Países que automatizam rapidamente, uma vez que a Alemanha, podem manter a produtividade apesar da redução de trabalhadores. Mas o sucesso dependerá da adaptabilidade cultural, da coesão social e da inovação política.

Além da economia, o despovoamento exige uma redefinição psicológica. As sociedades devem redefinir o sucesso, não pelo propagação populacional, mas pela sustentabilidade e qualidade de vida. A solidariedade intergeracional, sobretudo no mercado de trabalho, muito uma vez que a aprendizagem ao longo da vida devem moldar as economias que, em um porvir não tão distante, serão as mais resilientes.

Na era do despovoamento, o repto não é somente ter menos pessoas; é uma vez que redesenhar sistemas, economias e expectativas para um mundo menor, mas ainda próspero. Nesse vista, a indústria de investimentos tem um papel crucial a desempenhar, tanto fornecendo soluções financeiras que permitam a preparação para uma vida mais longa e saudável, quanto impulsionando avanços em instrumentos que permitam aos investidores desfrutarem de oportunidades de longo prazo que abrangem de forma crescente assistência médica, cuidados para idosos, formosura, lazer, viagens, alimento, nutrição e planejamento financeiro.

Aquiles Mosca é CEO da BNP Paribas Asset Management no Brasil. É professor de finanças comportamentais e gestão de ativos. Responsável dos livros “Investimentos sob medida” e “Finanças Comportamentais”, é diretor da Anbima, onde é responsável pela Rede de Ensino de Investidores. E-mail: aquiles.mosca@br.bnpparibas.com

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Aquiles Mosca — Foto: Aquiles Mosca

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