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O que o BBB ensina sobre inflação e investimentos?

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O que o BBB ensina sobre inflação e investimentos?

O que o BBB ensina sobre inflação e investimentos?
Na primeira edição do programa, vencedor embolsou R$ 500 mil; para este ano, estão previstos R$ 3 milhões Depois da Mega da Virada, o prêmio do Big Brother Brasil (BBB) é um dos valores sonhados pelos brasileiros, que fazem planos sobre o que fariam com a bolada. Desde Kleber Bambam, que levou para casa a fortuna, em 2002, de R$ 500 mil, até o próximo vitorioso (ou vitoriosa) desta 25ª edição, que vai embolsar prováveis R$ 3 milhões, todos os vencedores são vistos como ricos e milionários. Sem considerar as decisões de cada um, uma coisa é certa: apenas o cenário macroeconômico pode aumentar ou desintegrar toda essa riqueza.
Nessas 25 edições, o montante pago aos vencedores foi elevado quatro vezes. Os atuais R$ 3 milhões seriam equivalentes a seis vezes ao prêmio da primeira edição. Mas isso é uma “ilusão de ótica”. Na prática, um fator cotidiano que corrói salários e rendimentos também impacta negativamente o prêmio do maior reality show da tv brasileira: a inflação.
De abril de 2002, quando Bambam e sua boneca de sucata Maria Eugênia saíram consagrados do programa, até dezembro do ano passado, a inflação acumulada é de 286%. De acordo com a Calculadora do Cidadão, disponibilizada pelo Banco Central, corrigido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), esse valor corresponde a R$ 1,93 milhão.
Ou seja, o prêmio estimado para este ano é apenas 1,5 vez maior do que o valor que Bambam ganhou.
E, se ele ainda resolvesse guardar todo o prêmio embaixo do colchão, a inflação desde então teria reduzido o valor a pouco menos de R$ 130 mil.
Há 23 anos, R$ 500 mil eram suficientes para comprar um determinado número de coisas. No entanto, com o passar do tempo e a situação econômica do país, os preços vão subindo, em maior ou menor proporção, ou seja, a inflação vai reduzindo o poder de compra do dinheiro.
Em 2025, é preciso muito mais dinheiro para comprar as mesmas coisas que Bambam podia comprar em 2002. Em média, conforme a variação do IPCA, o preço das coisas aumentou 286%.
“Muitas vezes vemos participantes do BBB que perdem o prêmio por gastarem demais, investirem em um projeto duvidoso ou até mesmo serem enganados por pessoas de má fé”, observa Fernanda Melo, planejadora financeira pela Planejar.
“No caso da inflação, o valor encolhe ao longo dos anos, não por causa de um erro ou gasto pessoal, mas porque os preços das coisas subiram e o dinheiro perdeu parte de seu poder de compra”, explica Fernanda, acrescentando que “a inflação é como uma taxa invisível que desvaloriza o dinheiro ao longo do tempo”.
Nas quatro primeiras edições do BBB, entre 2002 e 2004, os vencedores embolsaram R$ 500 mil. De 2005 a 2009, o valor dobrou para R$ 1 milhão. A partir de 2010, passou para R$ 1,5 milhão, até a edição de 2022.
Para se ter uma ideia da perversidade da inflação, o vencedor do BBB 2010, Marcelo Dourado, saiu do programa “muito mais rico” que o ganhador do mesmo R$ 1,5 milhão, em 2022, Arthur Aguiar. A inflação acumulada nesse período foi de 111,5%. Para ser tão rico quanto Dourado, Arthur precisaria ter recebido R$ 3,2 milhões.
A partir de 2023, o valor do prêmio final passou a ser “variável”, dependendo da dinâmica do programa e do patrocinador. A ganhadora do BBB 2023, Amanda Meirelles recebeu R$ 2,88 milhões e Davi Brito, vencedor no ano passado, recebeu R$ 2,92 milhões.
Para este ano, que celebra 25 edições, o prêmio estimado pode chegar aos R$ 3 milhões. Esse valor, no entanto, pode ficar maior, se somados prêmios de provas em dinheiro, vale-compras ou produtos.
Ganho real
A correção de valores pela inflação de determinado período apenas mantém o poder de compra das pessoas ao longo do tempo. No caso de salários e rendimentos, há sempre a busca pelo chamado ganho real, isto é, a correção pela inflação mais um valor adicional.
A cada edição em que o BBB elevava o valor do prêmio final, os vencedores puderam obter, comparativamente, ganho real em relação à primeira edição.
Em 2005, o programa reajustou o valor do prêmio para R$ 1 milhão, o que corresponde aparentemente a 100% do valor pago em 2002.
Corrigido pela inflação acumulada nos três anos, de 34%, o prêmio de R$ 500 mil, pago em abril de 2002, deveria ser de R$ 670 mil, no mesmo período de 2005.
Assim, Jean Willys, vencedor do BBB5, recebeu R$ 330 mil a mais que Bambam, ou um ganho real de 49%.
Da mesma forma, a estimativa de prêmio para o BBB25, de R$ 3 milhões, contém um ganho real de 55%, na comparação com os R$ 500 mil pagos no BBB1.
Investimento
Nesse contexto, investir dinheiro é fundamental para manter o poder de compra, protegido da inflação, e, preferencialmente, obter um ganho real, com o qual se possa realizar projetos, como viagens, estudos e adquirir um imóvel, por exemplo.
Se o Kleber Bambam consultasse um assessor de investimentos e pedisse opções que atendessem a esses requisitos, mas com pouquíssimo risco, muito provavelmente, as indicações seriam em produtos de renda fixa, atrelados à taxa básica de juros (a Selic), por exemplo.
Os R$ 500 mil do prêmio recebido em 2002 aplicados integralmente em um investimento como um Certificado de Depósito Bancário (CDB) que pague 100% do CDI se transformariam em R$ 5,8 milhões, de acordo com a calculadora do BC.
Caso Bambam fosse absolutamente avesso a investimentos que não a caderneta de poupança, o rendimento no período seria de 414%, resultando em um total de R$ 2,6 milhões.
“Investir para manter o poder de compra é fundamental, e cada vez mais acessível”, pontua Fernanda. “Se proteger da inflação não deve ser uma preocupação apenas dos milionários.”
A educadora aponta que, com a taxa Selic atualmente em 12,25, há várias oportunidades de buscar retornos que superem a inflação. “Para quem tem valores altos, como prêmios ou heranças, a diversificação é fundamental: equilibrar diferentes tipos de investimento ajuda não só a preservar, mas também a potencializar o patrimônio”, ressalta.
“O dinheiro parado não só deixa de crescer como perde seu valor”, reforça Fernanda.
“Ao realizar o planejamento financeiro pessoal, pensamos na vida no curto e no longo prazo, seja uma viagem para este ano, quanto dinheiro é preciso para viver com 80 anos de idade e até depois da morte, em como passar o patrimônio para os herdeiros, quando se consegue ter patrimônio”, afirma Viviane Ferreira, coordenadora da Comissão de Conscientização Financeira da Planejar.
Viviane Ferreira, destaca ainda que não considerar a inflação em um planejamento de investimentos é um dos maiores erros que as pessoas fazem. “Parece pequena em um ano, mas a inflação acumulada em 15 ou 20 anos tem um impacto assustador.”
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