O saldo positivo de cripto em 2024 e expectativas para 2025
A eleição do maior Congresso pró-cripto da história nas eleições americanas, e o Bitcoin ultrapassando a barreira dos 100 mil dólares são apenas alguns exemplos O mercado de criptoativos encerrou o ano de 2024 com saldo positivo em todo o mundo, já que foi um ano marcado por acontecimentos importantes, que impactaram positivamente o setor. A aprovação dos ETFs (exchange-traded fund) à vista de Bitcoin e Ethereum nos Estados Unidos, a eleição do maior Congresso pró-cripto da história nas eleições americanas, e o Bitcoin ultrapassando a barreira dos 100 mil dólares são apenas alguns exemplos disso.
Alguns marcos relevantes também se desenrolaram aqui no Brasil ao longo do ano passado. Os reguladores brasileiros, por exemplo, mantiveram sua postura construtiva com o lançamento de consultas públicas que puseram os criptoativos no centro de novas discussões.
A entrada dos ETFs no jogo
Em janeiro de 2024, houve a aprovação do ETF de Bitcoin à vista pela Security Exchange Comission (SEC), órgão regulador do mercado financeiro americano equivalente à CVM no Brasil. Os ETFs nada mais são do que fundos que acompanham o valor de um determinado ativo. São diversas classes diferentes (petróleo, ouro, moedas fiduciárias, índice de ações, etc,), cada uma atrelada a um referencial específico.
Esse veículo de investimento já estava disponível em mercados como Brasil e Canadá desde 2021, mas a aprovação dele nos EUA foi um passo importante para o mercado cripto no âmbito global, por possibilitar a exposição de grandes investidores institucionais ao bitcoin e consequentemente, atrair investimentos de forma massiva graças ao respaldo e a legitimidade garantidos pelo maior mercado financeiro do mundo.
Em maio, os ETFs à vista de ether, a segunda maior criptomoeda do mundo em valor de mercado, fizeram sua estreia e atraíram ainda mais investidores para o setor.
De quando se tornaram disponíveis para o investidor até novembro de 2024, os ETFs à vista de bitcoin e ether nos EUA registraram entradas líquidas de US$30.7 bilhões, valor muito maior em comparação ao ETF de ouro em seu primeiro ano, que teve US$4 bilhões (em valores corrigidos pela inflação atual), após ser lançado em outubro de 2004.
Ainda no final do ano passado, a SEC aprovou também os primeiros ETFs mistos de bitcoin e ether nos EUA e que devem ser lançados ainda em janeiro, possibilitando ainda mais opções para os investidores. A Coinbase tem orgulho de fazer parte dessa trajetória e de ser a custodiante de 9 dos 11 ETFs de bitcoin e de 8 dos 9 de ether.
A vitória da criptoeconomia nas eleições americanas
Como escrevi no meu artigo anterior, cripto foi a maior vencedora das eleições americanas de 2024. Pela primeira vez, tivemos cripto desempenhando um papel de destaque no discurso de candidatos de ambos os lados do espectro político, cientes do seu potencial em transformar o modelo financeiro atual. Além disso, a eleição do maior congresso pró-cripto da história dos EUA foi um sinal claro de que a população está insatisfeita com o modelo financeiro atual e quer mudanças através do estabelecimento de regras claras e justas, que favoreçam o crescimento do mercado cripto.
Com 289 políticos pró-cripto na Câmara e 59 no Senado, a expectativa é de que o debate em torno do tema se intensifique nos próximos anos. Temas como reservas governamentais em bitcoin e avanços regulatórios já estão sendo debatidos por alguns estados americanos, incentivados pela presença de autoridades pró-cripto em várias instâncias do governo, como o recém-nomeado novo presidente da SEC, Paul Atkins, um entusiasta do setor. Vale lembrar que o próprio Trump também manteve uma postura a favor da criptoeconomia durante a campanha ao prometer a criação de um “conselho de cripto” e em tornar o país a “capital cripto do mundo”. Esse conjunto de fatores certamente contribuirá para acelerar avanços regulatórios e garantir o desenvolvimento do setor, protegendo seu potencial de inovação e priorizando a segurança e transparência para os investidores.
Ano de recordes para o bitcoin
O ano também foi marcado pelo bitcoin atingindo a marca histórica de US$100 mil. A expectativa dos investidores em relação a uma maior clareza regulatória com a nova administração nos EUA e os sucessivos cortes nas taxas de juros pelo banco central americano foram alguns dos motivos que levaram a moeda às suas altas históricas alcançadas no período final de 2024.
As stablecoins (criptomoedas atreladas de forma 1:1 a alguma moeda fiduciária, como o dólar americano) também tiveram crescimento surpreendente em 2024, elevando a capitalização de mercado total em 48%, para US$193 bilhões até dezembro. Com base na trajetória atual, alguns analistas de mercado acreditam que o setor de stablecoins pode crescer para quase US$3 trilhões nos próximos cinco anos, graças ao aumento da adoção desse tipo de criptomoeda em conversões e pagamentos.
Brasil e o debate cripto
Em 2024, os reguladores brasileiros mantiveram sua postura de diálogo em relação aos criptoativos com o lançamento de consultas públicas pelo Banco Central e pela Receita Federal.
O BC lançou consultas para ouvir a opinião dos brasileiros sobre regulamentação de serviços de ativos virtuais e sobre quais entidades estão habilitadas a oferecê-los, enquanto a Receita Federal buscou atualizar as normas para a declaração dos criptoativos.
Ainda que discussões sobre uma eventual reserva estratégica de bitcoin estejam em um nível bastante inicial, já foi possível vermos discussões do tipo acontecendo no Legislativo brasileiro com projetos de lei do gênero sendo apresentados (PL 4501/2024), o que já é um primeiro passo para o debate à medida em que a criptoeconomia vem sendo cada vez mais pautada pelas instituições financeiras do país.
Expectativa para 2025
Alguns fatores podem tornar o ano de 2025 tão positivo para a criptoeconomia como em 2024. O bitcoin pode obter ganhos ao longo do ano em função do aumento da oferta nos EUA, somado a um cenário de corte na taxa de juros pelo Fed que deve continuar nos próximos meses e um governo majoritariamente pró-cripto, ambiente que pode facilitar os avanços regulatórios no setor.
Outros fatores que podem contribuir positivamente com o crescimento do setor em todo o mundo são a crescente adoção institucional, impulsionada pela popularização dos ETFs, e avanços regulatórios em países da Europa, China e no Brasil.
Neste último, também existe expectativa de avanços na tokenização do sistema bancário por meio da implementação do Drex como parte da agenda de inovação do BC. Essa é mais uma prova da postura moderna e proativa do órgão e de que o Brasil é um dos países que estão na vanguarda do setor quando se fala em inovação.
Não há dúvidas de que 2024 foi um ano de grandes conquistas para a economia cripto, mas diversos fatores mostram que 2025 reserva ainda mais avanços. Cada vez mais pessoas e governos ao redor do mundo estão descobrindo o potencial da descentralização que a criptoeconomia pode oferecer, além da importância e urgência da atualização do sistema financeiro global, tornando-o mais rápido, seguro e eficiente.
Fábio Plein é diretor regional para as Américas da Coinbase
E-mail: fabio.plein@coinbase.com
Fábio Plein
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