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Órgão do governo faz alerta sobre 'chance' de ganhar dinheiro com escaneamento de íris

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Órgão do governo faz alerta sobre 'chance' de ganhar dinheiro com escaneamento de íris

Órgão do governo faz alerta sobre 'chance' de ganhar dinheiro com escaneamento de íris

Desde 2023, brasileiros estão ganhando dinheiro com a venda do escaneamento da íris. A possibilidade de faturar com a venda de dados biométricos vinculados ao olhar surgiu com o projeto da Tools for Humanity (TFH), empresa de Sam Altman, CEO da OpenAI, dona do ChatGPT. No entanto, a ideia, que pode ser considerada tentadora, também pode representar diferentes riscos, desde mau uso das informações pessoais até a exposição a situações de discriminação e vexatórias. E é isso que Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) reforça em um novo comunicado.

A autarquia divulgou um comunicado sobre o uso de dados pessoais sensíveis por terceiros. Entre alguns riscos associados ao tratamento de dados pessoais, em geral, estão:

  • Uso de dados biométricos para finalidades que não foram inicialmente informadas;
  • Coleta de dados pessoais sem ciência ou consentimento do titular, mesmo quando o consentimento seja necessário do ponto de vista legal.
  • Consentimento inadequado, sem observância dos requisitos da LGPD para dados sensíveis (consentimento de forma específica e destacada, para finalidades específicas).
  • Efeitos discriminatórios decorrentes de vieses sociais e culturais, atingindo especialmente pessoas de grupos vulneráveis.
  • Erros em tecnologias como o reconhecimento facial podem impactar significativamente os titulares, expondo-os, inclusive, a situações vexatórias.

Por conta da natureza do projeto Tools for Humanity, o órgão reforçou que instaurou, em novembro do ano passado, por meio da Coordenação-Geral de Fiscalização da Autoridade Nacional de Proteção de Dados, um processo de fiscalização para investigar o tratamento de dados biométricos de usuários que participam da iniciativa.

O fornecimento da “fotografia dos olhos” é feito com uma contrapartida: segundo recente reportagem do Uol, a empresa paga em média 48 worldcoin, uma criptomoeda própria da empresa, que pode ser convertida em reais e depois sacada. De acordo com a reportagem, a empresa já coletou dados de 400 mil brasileiros.

A ANPD solicitou à TFH esclarecimentos quanto ao tratamento de dados, como, por exemplo, como ocorrem as coletas, a transparência do tratamento de dados pessoais e a avaliação de eventuais consequências do tratamento de dados pessoais em relação aos direitos à privacidade e à proteção de dados dos titulares.

A Tools for Humanity encaminhou os documentos e as informações requeridas e o processo se encontra em fase de análise, segundo a ANPD.

Além do escaneamento da íris, a empresa, que é responsável pela fabricação da câmera avançada (Orb), utiliza também dados da face e dos olhos dos titulares com o objetivo de desenvolver “sistema de verificação de condição humana única”, conhecido como World ID.

Conforme o G1, em 2021 mais de 2,2 milhões de pessoas no mundo escanearam a íris quando o projeto encabeçado por Sam Altman ainda estava em fase beta.

Dados pessoais biométricos, como a palma da mão, as digitais dos dedos, a retina ou a íris dos olhos, o formato da face, a voz e a maneira de andar são dados pessoais sensíveis e, segundo a ANPD, “em razão dos riscos mais elevados que o tratamento desse tipo de dado pessoal pode oferecer, o legislador conferiu a eles regime de proteção mais rigoroso, limitando as hipóteses legais que autorizam o seu tratamento”.

A ANPD diz que tem monitorado o crescente uso das tecnologias de captura de dados biométricos para que seu uso esteja alinhado à proteção de direitos fundamentais e ressalta ainda sobre quais são os cuidados que o titular deve tomar antes de ceder seus dados biométricos:

  • Ler atentamente o termo de uso e a política de privacidade. Compartilhe seus dados apenas se identificar uma finalidade clara e se houver garantias adequadas para a proteção dessas informações e o exercício de seus direitos.
  • Informar-se sobre a reputação da empresa ou entidade responsável pela coleta. Verifique se há relatos ou repercussões públicas sobre suas práticas de tratamento de dados.
  • Avaliar a real necessidade da coleta de seus dados biométricos para o serviço oferecido e se existem alternativas menos invasivas disponíveis. Dados biométricos são identificações únicas e permanentes. Por isso, ao contrário de outros mecanismos de identificação, como senhas e cartões de acesso, não podem ser facilmente trocados ou apagados em casos de uso indevido, vazamento ou fraude.
  • Ter cuidado especial com crianças e adolescentes e verificar se o sistema utilizado é indicado para esse público. A LGPD exige que o tratamento de dados pessoais de crianças e adolescentes atenda ao seu melhor interesse, o que, em muitas situações, pode não ser compatível com a coleta e o uso de dados biométricos.

Em nota enviada ao Valor Investe, a Tools For humanity (TFH) informou que a rede World está “criando ferramentas que as pessoas precisam para se preparar para a era da IA, ao mesmo tempo preservando a privacidade individual” e que está em “total conformidade com todas as leis e regulamentos aplicáveis ​​que regem o processamento de dados pessoais nos mercados onde opera. Isso inclui, mas não se limita à Lei de Proteção de Dados Pessoais do Brasil (LGPD)”.

A empresa também informou que prioriza “quaisquer perguntas que possam ter e garantir a transparência em nossas operações” e que continuará a colaborar ativamente para “oferecer as informações necessárias para garantir a compreensão completa de sua tecnologia”.

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Inovação — Foto: Pixabay

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