Pesos-pesados distraem Ibovespa de pessimismo global

• No fechamento, o principal índice de comportamento das ações domésticas caiu 0,55%, aos 144.873 pontos. Na semana, sobe 1,03%. No mês, cai 0,93%. E, no ano, ganha 20,44%;

A temporada de balanços no Brasil ganha ritmo hoje, com destaque para a WEG (WEGE3), que divulgou lucro líquido de R$ 1,65 bilhão, subida de 4,5% na confrontação anual.

No universal, analistas projetam um terceiro trimestre mais modesto para boa segmento das empresas, pressionadas pelos juros altos e pela desaceleração da economia global.

Mas nem tudo é sombra: a Vale (VALE3) vem com sinais animadores, com produção trimestral recorde desde 2018. Os resultados oficiais, esperados para o dia 30, prometem substanciar o bom humor no Ibovespa. A prévia operacional indica potente produção de minério de ferro, vendida a preços melhores do que no segundo trimestre.

Apesar disso, as recomendações de BofA, BB Investimentos, Bradesco BBI e Citi foram mantidas em compra. Para XP e BTG Pactual, as recomendações ficaram em neutras. O BTG justificou a cautela citando a pouca visibilidade da curva de preços do minério de ferro e avaliando que os retornos das ações estão pouco atrativos no momento.

Enquanto isso, a Petrobras celebra novas aquisições: a companhia arrematou dois blocos de exploração do pré-sal na Bacia de Campos, em parceria com a norueguesa Equinor, durante leilão da ANP.

Segundo a corretora Ativa Investimentos, o movimento “reforça a posição da Petrobras uma vez que principal operadora do pré-sal brasílico, permitindo expansão sustentável da produção e alinhamento com metas de reposição de reservas”. A presença de parceiros internacionais, ainda segundo a Ativa, mostra que o pré-sal brasílico continua interessante, mesmo com a volatilidade do petróleo.

• A WEG (WEGE3) fechou em subida de 0,88%;
• As ações da Vale (VALE3) subiram 1,78% e as preferenciais da Petrobras PN (PETR4) ganharam 1,15%, ao passo em que a Petrobras ON (PETR3) tiveram subida de 1,57%;
• Os destaques positivos ficam com as ações da Vamos (VAMO3), que avançaram 5,48%, seguidas por Prio (PRIO3), com subida de 3,02%, e MRV (MRVR3), que subiu 3,46%;
• Os destaques negativos ficam com as ações da Assaí (ASAI3), que recuaram 7,08%, seguidas por Fleury (FLRY3), com queda de 2,69%;

Das 82 ações da carteira teórica do índice, 39 subiram e 21 caíram hoje.

Lá fora, a Vivenda Branca sinalizou interesse em um encontro entre Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva, possivelmente no domingo, durante a cúpula da ASEAN, na Malásia.

A expectativa pelo encontro entre Trump e Xi Jinping, marcado para o termo do mês, segue no radar, mas a recente enunciação do presidente americano de que a reunião “talvez não aconteça” adicionou pitadas de cautela ao cenário internacional.

“Em um contexto global de instabilidade geopolítica e realinhamento das cadeias produtivas, o diálogo ganha peso não somente diplomático, mas também estratégico. Os Estados Unidos buscam novas fontes de insumos críticos, uma vez que terras raras e produtos agrícolas, enquanto o Brasil tenta remover barreiras comerciais que encarecem suas exportações”, analisa Volnei Eyng, presidente da Multiplike.

Ainda de olho lá fora, os dados de inflação ao produtor (CPI, na {sigla} em inglês) nos Estados Unidos que serão divulgados nessa semana foi o ponto focal do dólar. O Federalista Reserve (Fed, banco médio dos EUA) deve usar o indicador para justificar sua decisão de trinchar ou não os juros em outubro.

No mercado sítio, o demorado na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026 gera temores fiscais gerou pressão sobre o real.

• O dólar encerrou a sessão em subida 0,13% hoje, a R$ 5,40. Na semana, cai 0,15%. No mês, aprecia 1,4%. No ano, fica 12,67% mais barato em relação ao real.

No projecto doméstico, investidores seguem cautelosos. O governo procura reconstituir receitas em seguida a queda da MP 1.303. Fernando Haddad, ministro da Quinta, anunciou que a proposta será fatiada em dois projetos de lei: um sobre tributação de fintechs e casas de apostas, outro sobre galanteio de gastos.

O julgamento no STF sobre a reoneração gradual da folha de pagamentos, que já conta com três votos favoráveis, também mantém o mercado em alerta.