Petrobras: Margem Equatorial pode manter patamar de dividendos por mais duas décadas
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As expectativas são altas para as primeiras perfurações em cume mar na região vizinha da Guiana, onde a Exxon descobriu quase 11 bilhões de barris de petróleo em cume mar em 2015, uma das maiores descobertas das últimas décadas. O PIB per capita do país era de 5,64 milénio dólares naquele ano. Hoje, mal iniciada a produção petrolífera, o valor é de 32,9 milénio dólares.
Quando os primeiros leilões de blocos exploratórios na região foram realizados, em 2013, a portanto e atual presidente da Petrobras, Magda Chambriard, falou em potencial de 30 bilhões de barris em toda a Margem Equatorial (Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar). Ao longo deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva repetiu em várias ocasiões o potencial de receptar R$ 1 trilhão com a novidade bacia.
Apesar das previsões elevadas, não há base para fincar em números quanto petróleo será encontrado lá, afirma Rafael Schiozer, professor da Instauração Getúlio Vargas e técnico em óleo e gás.
“Os testes geológicos indicam que há um bom potencial na região. Fozes de rio são locais propícios para o acúmulo de depósitos de hidrocarbonetos, uma vez que ocorre no Golfo do México, na Bacia de Campos ou na de Santos. Mas expor quanto vai ter ali seria um grande pontapé”, diz.
Apesar da cautela, Schiozer não recusa a confrontação com o pré-sal. “Se confirmado o potencial, estaríamos diante de alguma coisa parecido. Mas é especulação. Pode ser, pode não ser”. Conforme o professor, levará ao menos alguns anos para identificar, de vestuário, quanto petróleo há na região.
“Um a dois anos para ter teoria melhor do que há no subsolo, com poços exploratórios. A produção efetiva levaria pelo menos mais três ou quatro anos. Sendo otimista, falamos de 2031 para o primeiro barril”, prevê.
É o mesmo ano, o de 2031, que a Petrobras estimou ser o pico da produção de petróleo do pré-sal. Ou seja, se confirmado o potencial, a exploração da Margem Equatorial chegaria em tempo de evitar uma queda na produção e poderia prolongar em duas décadas o ritmo extraordinário de pagamento de dividendos.
Para João Abdouni, exegeta da Levante Inside Corp., as ações da Petrobras oscilam de olho no pequeno prazo, e quase zero pelo longo prazo – dissemelhante de outras companhias listadas, uma vez que a Ultrapar, que também vende combustíveis e gás, e têm preço sobre lucro de oito vezes, quase o duplo do da estatal.
“A Petrobras negocia a quatro vezes lucro. A tese é que ela precisa entregar dividendos rápido, porque o mercado teme má gestão pelo controlador. Por isso, projetos de longo prazo não entram na conta”, explica.
Ele estima que a empresa pagou em torno de R$ 500 bilhões em juros e dividendos para acionistas nos últimos 10 anos.
Para o exegeta, há um prêmio de retorno pelo risco do controlador. Ou seja, quando a má gestão do controlador (o governo) não se confirma, o retorno na forma de dividendos é superior à média do mercado. “Se a empresa mantiver dividendos entre 10% e 15% ao ano [como tem ocorrido], devolve o capital do acionista em tapume de 7 a 10 anos”.
Portanto, se as previsões de invenção de um “novo pré-sal” se confirmarem, um acionista poderia ver o moeda investido voltar três vezes antes das reservas se exaurirem.
Tudo isso a depender dos resultados das prospecções. Caso as expectativas sejam frustradas, ou pela constatação de que as reservas são menores, ou pela impossibilidade de realizar as perfurações, as alternativas são poucas. Para o professor Rafael Schiozer, a Petrobras precisaria buscar novas fronteiras exploratórias fora do Brasil, uma vez que já tem feito na África, onde adquiriu blocos em São Tomé e Príncipe e na África do Sul.
“Uma empresa de petróleo vive de desenredar reservas e produzi-las. Se as reservas que a Petrobras tem vão ser depletadas em um prazo de 10 a 15 anos, é proveniente que ela tenha que buscar outras reservas em outros lugares”, conclui.
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