Por quê Trump recuou sobre as tarifas?
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Uma semana depois do pregão do tarifaço americano, o verdadeiro motivo para o presidente ter voltado detrás, apontam especialistas, parece ter sido o comportamento do mercado de títulos do Tesouro americano.
Trump havia enunciado mais de uma vez que estava disposto a deixar o mercado de ações despencar depois anunciar tarifas “adicionais” de até 49% sobre aliados e adversários dos EUA na semana passada. Mas o mercado de títulos provavelmente levou a Mansão Branca ao limite, segundo Marko Kolanovic, ex-estrategista-chefe global do JP Morgan, em entrevista ao MarketWatch.
Isso porque Trump e seu secretário do Tesouro, Scott Bessent, deixam evidente que um dos objetivos da gestão é compreender rendimentos menores para a taxa de 10 anos dos títulos públicos, aponta André Valério, economista-sênior do Banco Inter. “Nesse segundo governo, Trump se mostra mais sensível à taxa dos títulos públicos de 10 anos do que ao mercado acionário. Segmento disso vem de seu libido de impactar a economia real”.
A economia americana é bastante influenciada pela rentabilidade esperada dos títulos com prazo de 10 anos, porque é a referência para diversas operações, principalmente as de financiamento imobiliário, cuja taxa de hipoteca acompanha de perto as oscilações desses títulos. A visão do governo Trump é de que a sua base de eleitores é muito mais sensível à taxa de 10 anos do que ao desempenho do S&P500.
Aliás, existe a preocupação fiscal. Em 2024, o governo americano pagou quase US$ 900 bilhões unicamente em juros sobre a dívida pública e, mantendo-se a atual tendência, esse gasto deve ultrapassar US$1,6 trilhão em 2035. Aliás, uma das promessas de campanha de Trump é trinchar impostos, e o governo vê uma vez que necessário a redução dos juros para gerar espaço fiscal para tais cortes.
O que aconteceu no mercado de títulos?
Houve rumores de que governos de países afetados pelas tarifas, mormente os asiáticos, estariam boicotando o mercado de títulos americanos ao venderem segmento de suas posições. Apesar disso, os analistas do Citi ressaltam, em relatório, que não há evidências convincentes de uma espécie de “greve” de compradores estrangeiros até o momento. Mormente da Ásia, já que grande segmento da venda de títulos aconteceu durante o horário do pregão americano.
Haveria, no entanto, um motivo mais concreto que afetaria o mercado. A redução do transacção internacional limitaria o incremento das reservas globais em dólares americanos, reduzindo assim a demanda estrangeira por títulos do Tesouro dos EUA.
A desfecho dos analistas do banco, portanto, é que a recente venda dos títulos do Tesouro dos EUA, que fez com que os juros dos títulos de 10 atingissem o patamar de 4,5% ao ano, foi resultado de uma antecipação desse movimento e uma corrida por liquidez, e não um pouco mais ‘sinistro’, uma vez que um boicote dos países afetados pelas tarifas impostas pelo presidente Trump.
De qualquer forma, o cenário atual de incertezas extremas pode fazer com que os títulos do Tesouro americano não sejam considerados mais um porto-seguro.
“Os títulos do Tesouro dos EUA não funcionam em um mundo de ameaço de boicote de compradores (mormente a China), possibilidade de estagflação e receio com operações tradicionalmente consideradas seguras. Buscamos outros ativos que possam fazer esse papel, uma vez que o ouro”.
O Wall Street Journal cita ainda uma vez que motivo para o recuo de Trump a ajuda do Secretário do Tesouro, Scott Bessent para persuadir o presidente a reservar um tempo para negociar com parceiros comerciais depois da pressão de líderes empresariais. Além deles, gestores bilionários de fundos multimercados, uma vez que o Bill Ackman, um divulgado apoiador do presidente, criticaram a rápida ingressão em vigor das tarifas. Sem relatar o bilionário Elon Musk, que chegou a invocar o arquiteto das tarifas de “imbecil”.
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