Quais empresas serão mais afetadas pela tarifa de 50% de Trump contra o Brasil?
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumpriu as ameaças e retaliou o Brasil pelas “políticas antiamericanas” discutidas no encontro da cúpula dos Brics no país: os produtos brasileiros serão taxados em 50%. A medida só entrará em vigor em 1º de agosto, mas algumas empresas já estão sofrendo na bolsa. O principal impacto, segundo analistas, deve ser na operário de aeronaves Embraer, uma das exportadoras tal qual principal sorte dos produtos é os EUA. Mas outras companhias também podem sentir o baque.
Segundo dados levantados pela equipe de pesquisa do Santander, a companhia que mais exporta para os Estados Unidos é a operário de aeronaves Embraer. Em 2024, quase 60% da receita da empresa veio de exportações para o para os norte-americanos. A participação da companhia no Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira, não é irrelevante. As ações da empresa representam 2,7% do índice. Portanto, caso os papéis sofram, eles podem fazer pressão na bolsa.
Na sequência das empresas cuja maior segmento da receita veio de exportações para os EUA, vêm a metalúrgica Tupy, com 23%, a operário de máquinas e equipamentos WEG, com 22% e a produtora de peças Iochpe-Maxion, com 20%. Dessas, no entanto, exclusivamente a WEG está no Ibovespa. A participação, no entanto, também é relevante: 2,8% do índice.
Além delas, outras companhias que completam a lista das “top 10” maiores exportadoras da bolsa são a produtora de papel e celulose Suzano (com 15,3% das receitas vindas dos EUA e 1,48% de participação no Ibovespa), a empresa de vestuário Azzas 2154, dona de marcas uma vez que Arezzo e Farm (com 8,3% das receitas e 0,2% de participação no Ibovespa), a siderúrgica CSN (5% de receitas e 0,3% de participação no Ibovespa); a operário de caminhões Randon (4,5% de receitas e sem presença no Ibovespa), a companhia de mineração CSN Mineração (4% de receitas e 0,38% do Ibovespa) e a operário de alumínio CBA (4% de receitas e sem participação no Ibovespa).
Há, ainda, outras companhias com possante participação no índice e que também têm segmento relevante de sua receita vindas de exportações para os EUA. É o caso da siderúrgica Vale, que representa mais de 10% do índice e que teve 2,8% de suas vendas em 2024 provenientes dos americanos.
O levantamento mostrou, ainda, o quanto dos itens exportados para os Estados Unidos era efetivamente produzido no Brasil. No caso da Embraer, por exemplo, exclusivamente 26,22% das receitas vinha de produções feitas no país e enviadas aos EUA. No caso da Tupy, o número era de 20% e da WEG, de 7%. Já no caso da Suzano, era de 15,32%. Todas as demais tinham até 5% do totalidade das receitas vindo de produtos feitos no Brasil e mandados para os EUA.
É importante sobresair que existem companhias brasileiras que vendem muito nos Estados Unidos, mas que produzem em vegetalidade fixadas no próprio país. É o caso, por exemplo, de frigoríficos uma vez que JBS e Marfrig e da metalúrgica Gerdau.
Empresas brasileiras com receita nos EUA
| Empresa | Percentual da receita vindo de exportações para os EUA | Perentual da receita vindo de exportações para os EUA produzidas no Brasil | Participação das ações no Ibovespa |
| Embraer | 59,50% | 26,22% | 2,70% |
| Tupy | 23% | 20% | Não está |
| WEG | 22% | 7% | 2,80% |
| Iochpe-Maxion | 20% | 0,50% | Não está |
| Suzano | 15,30% | 15,30% | 1,48% |
| Azzas 2154 | 8,30% | 3% | 0,20% |
| CSN | 5% | 5% | 0,30% |
| Randon | 4,50% | 3,50% | Não está |
| CSN Mineração | 4% | 4% | 0,38% |
| CBA | 4% | 3% | Não está |
Recado é mais importante do que receitas
Apesar do “susto”, Marco Saravalle, estrategista-chefe da MSX Invest, destaca que os Estados Unidos não são o principal parceiro mercantil do Brasil, ainda que sejam relevantes. Para ele, o principal impacto das tarifas é a percepção de risco que o Brasil pode passar a ter.
“Os Estados Unidos representam muro de 12% das nossas exportações. Exportamos petróleo, minério de ferro e outras commodities. Quando falamos de produtos industrializados, falamos basicamente da Embraer”, afirma. Ele explica que caso essa tarifas dos 50% seja mantida, a companhia deve continuar exportando, mas com margens menores. “E ela tem clientes no mundo todo”, lembra.
Para ele, o mais importante é qual o recado que a guerra tarifária entre os dois países deve passar ao resto do mundo. “Será que o estrangeiro pode transpor do Brasil e o câmbio voltar para um patamar mais ressaltado, com dólar próximo a R$ 6? Uma vez que fica a relação institucional do Brasil com outros países? Isso que não sabemos e é difícil de medir. E, no termo das contas, o que o mercado quer saber é a racionalidade disso tudo”, diz.
Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Way Investimentos e coordenador do núcleo de economia da ESPM, concorda que “o problema maior ultrapassa a questão econômica”.
“Tem muita coisa em jogo, e eu tenho temor de que o governo ao invés de sentar na mesa e conversar, afronte e retalie. Porque se retaliar, vai ter um efeito ‘boomerang’. Ao invés da taxa ser 50%, será 70%. E o problema disso tudo é que o clima vai se inutilizar”, conclui.
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