Qual investimento sobreviveu ao 'strike' no boliche de Trump em abril?

Abril foi o mês que coroou (por ora) o oração e as primeiras ações de Donald Trump avante da presidência da maior economia do mundo. A ingresso em vigor do tarifaço cobrado sobre todos os produtos importados pelos Estados Unidos, nos primeiros dias do mês, foi um strike em todos os mercados. De lá para cá, alguns pinos conseguiram voltar a permanecer de pé e salvaram os recursos de alguns investidores.

Se deu muito quem mirou em… bitcoin.

A primeira e maior criptomoeda em valor de mercado registrou uma valorização de 13%, no mês, registrando no período uma mínima de US$ 74.700 e máxima de U$ 95.400. Esse pico levou o bitcoin a permanecer a unicamente 5% dos US$ 100.000, nível de preço não visto desde o início de fevereiro.

Em reais, o bitcoin encerra o mês negociado em torno de R$ 538 milénio.

O embate político e mercantil entre os Estados Unidos e a China provocou uma potente volatilidade vista pela última vez em 2020, durante a pandemia de covid-19 e a fuga dos ativos de risco em detrimento de outros mais seguros, uma vez que o ouro – que bateu novo recorde de preço, chegando a US$ 3.400.

O que se poderia esperar do bitcoin, o expoente supremo dos ativos de risco?

Em um cenário de absoluta exiguidade de sinais sobre qual será o desenrolar da guerra mercantil de Trump, o bitcoin “passou a assumir sua vocação de ativo de preservação de valor, caminhando junto ouro, uma vez que escolha de investimento mais seguro”, aponta Sarah Uska, técnico cripto do Bitybank.

Uska destaca que o bitcoin acompanhou a procura por ativos de proteção – assim uma vez que o ouro – contra as incertezas geopolíticas que trouxeram pânicos aos investidores tanto do varejo quanto institucionais.

Para ela, oriente período foi importante por mudar o entendimento de uma grande segmento dos investidores que tiraram o bitcoin da caixinha “item volátil” e colocaram na caixinha “item de segurança”.

O Índice de Consumo (ICON), a carteira teórica da B3 composta por empresas dos setores de consumo cíclico, consumo não cíclico e saúde, subiu 12,7%.

A turbulência que marcou o mês mais volátil de 2025 acabou impulsionando o principal índice de ações do Brasil e o Ibovespa fechou abril com ganhos de 3,7%.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, destaca que o ICON teve “uma relação muito direta com a queda da curva de juros”, isto é, a aposta dos agentes de mercado de juros menores ao longo dos próximos anos.

Ele explica que dentro do índice estão algumas empresas com nível de endividamento cumeeira, que impedem o aumento de investimentos e outros projetos de melhorias, uma vez que pode se provar nos primeiros balanços corporativos referentes ao primeiro trimestre.

A perspectiva de juros menores (ou sem maiores ajustes para cima) alivia o pagamento das dívidas das empresas e, ainda, facilita o aumento do consumo, elevando as receitas das companhias.

Em meio ao caos provocado pelo governo Trump, o Brasil tem se apresentado uma vez que uma escolha para o capital internacional, em meio a uma firmeza interna, tanto política quanto econômica.

“Há um efeito mais positivo da transmigração de recursos que saíram dos Estados Unidos e foram para uma segmento da Europa e bastante para a América Latina também”, ressalta Cruz.

“Dirigentes do Banco Mediano estão com um oração mais tranquilo sobre a perspectiva futura de juros, o que fez a segmento do mercado prezar uma subida menor na reunião da semana que vem”, afirma Cruz.

Segundo ele, até o primórdio de abril, o mercado esperava que o Banco Mediano aumentasse a Selic, a taxa básica de juros, em 0,5 ou 0,75 ponto percentual na reunião que acontece nos próximos dias 6 e 7 de maio. “Agora, a maior segmento do mercado está esperando um aumento de 0,25 ponto percentual”, afirma.