×

Quando os juros cederem, mercado de ações terá novidade formato

Quando os juros cederem, mercado de ações terá novidade formato

Quando os juros cederem, mercado de ações terá novidade formato

Quando os juros cederem, mercado de ações terá novidade formato

O longo período de juros elevados tem funcionado uma vez que um teste de resiliência para o mercado de ações. A renda fixa rapidamente retomou o protagonismo das captações e as tradicionais casas de gestão ativa, pressionadas por resgates, tiveram que combinar medidas uma vez que a reorganização de equipes e a reavaliação de teses de valor e formas de distribuição.

Quando a taxa básica finalmente iniciar uma trajetória mais consistente de queda, os tradicionais fundos de ações (FIAs) e multimercados certamente voltarão a captar, e a tendência é que esses carros-chefes comecem a dividir espaço nos portfólios de risco com fundos negociados em bolsa, os chamados ETFs (Exchange Traded Funds). E a experiência internacional nos oferece pistas de uma vez que essa convívio pode evoluir.

A gestão ativa no protótipo tradicional, com taxas de gestão e performance, tem tudo para continuar relevante. Em um mercado que costuma apresentar ineficiências e assimetrias informacionais frequentes, a habilidade e a reputação de gestores em identificar oportunidades seguirão uma vez que diferenciais. Em paralelo, esse protótipo deve passar a conviver com uma escolha mais enxuta representada pelos ETFs, que normalmente replicam índices de ações.

Essa combinação tem se mostrado generalidade no exterior e começa a lucrar espaço também por cá. Estimativas da PwC indicam que o patrimônio global de ETFs cresceu de forma significativa em 2024 e pode duplicar até o término da dez, impulsionado principalmente pela expansão do mercado americano, no qual poucos gestores concentram grandes volumes e influenciam debates relevantes de governança e de votação em assembleias de empresas investidas.

Em mercados mais sofisticados, o progresso também se explica pela adesão de investidores mais jovens, habituados a operar em plataformas digitais e inclinados a preferir soluções mais simples e com custos previsíveis. Para esse público, os ETFs se tornaram uma porta de ingresso procedente para o mercado financeiro por combinarem negociação contínua e aproximação inesperado a carteiras diversificadas.

No Brasil, o desenvolvimento dos fundos de índice ocorreu de maneira mais gradual. O primeiro do tipo, o PIBB11, foi lançado em 2004. Replicando o IBrX-50, índice constituído pelas 50 ações mais negociadas na B3, permaneceu restrito por muito tempo. O cenário mudou quando os investidores passaram a acessar fundos de índice do exterior, em 2020. A oferta se diversificou e, hoje, existe mais de uma centena de ETFs na B3 com exposição a diferentes classes de ativos, incluindo renda fixa. Ao todo, já são mais de 1,1 milhão de contas negociando esses ativos na bolsa brasileira.

A mudança no protótipo de remuneração das assessorias de investimento pode açodar esse progresso. A transmigração do tradicional protótipo de rebate para o fee-based permite que o consultor seja remunerado sem depender da percentagem de produtos específicos. Outros países já adotam esse remendo há muitos anos e a diferença tende a facilitar a recomendação de carteiras compostas pelos fundos listados.

Esse tecido de fundo ajuda a explicar os motivos pelos quais esses produtos avançaram mesmo em um envolvente desfavorável para o mercado de ações no Brasil. Entre agosto de 2024 e julho de 2025, os ETFs cresceram 22%, segundo informa a Anbima. Em termos de captação, perderam só para a renda fixa, que segue uma vez que a classe de ativos que está puxando o mercado lugar. O resultado não se explica unicamente por preferências momentâneas, apontando para uma mudança mais ampla na forma uma vez que o investidor quer acessar o risco de mercado.

Embora esse incremento seja relevante, o volume ainda é relativamente pequeno dentro da indústria de fundos lugar. O patrimônio dos ETFs permanece perto de R$ 62 bilhões, representando menos de 1% da indústria de fundos, ainda segundo a Anbima. Os maiores clientes são investidores institucionais, em procura de diversificação ou redução de custos operacionais.

A indústria continua a se reorganizar sob o impacto da tecnologia, da evolução regulatória e da maior presença da pessoa física. Com a queda dos juros, esse movimento tende a lucrar ritmo e aproximar fundos multimercados, FIAs e ETFs nas carteiras de risco. A pluralidade de caminhos oferecida ao investidor talvez seja o sinal mais nítido de que o mercado brasílio pode estar caminhando para uma período mais madura.

Fábio Coelho é presidente-executivo da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec)

imagemcolunistafabiocoelho Quando os juros cederem, mercado de ações terá novidade formato
Fábio Coelho — Foto: Fábio Coelho

source

Publicar comentário