Que ações comprar em tempos de juros nas alturas?

Embora a força da renda fixa deva continuar, a renda variável tem lá seus tesouros escondidos Pois é. Com juros já altos e rumo a novos degraus, as projeções para a bolsa em 2025 não são das mais animadoras. Em média, especialistas enxergam o Ibovespa, principal índice nacional, nos 142.500 mil pontos. Seria uma alta de quase 20%, se considerados aos atuais arredores de 199 mil pontos. Acima, sim, dos atuais 15% ao ano projetados para a Selic por analistas. Mas não o bastante para seduzir muita gente a se expor aos riscos do lado de fora da renda fixa.
De todo modo, o desempenho do Ibovespa é uma média. E quem souber garimpar dentro dele, ou mesmo fora, pode encontrar algumas pepitas.
Tempos de baixa e crise podem ser assustadores para investidores, mas também costumam trazer oportunidades. Em 2024, por exemplo, as perdas amargadas pelo Ibovespa não impediram algumas empresas de disparadas históricas. Por exemplo, tanto as ações da Marfrig quanto as da BRF dobraram de valor de janeiro a dezembro. Outro acerto foi a Embraer, que subiu quase 150% (e deve continuar nesta rota por um tempo).
Mas quais serão, então, os novos pontos fora da curva?
Energia, saneamento e telecomunicações
Ricardo Peretti, estrategista de ações do Santander Corretora, afirma que as grandes apostas diante de um cenário tão insalubre para os ativos de risco seriam em empresas de ramos como energia elétrica e telecomunicações. São mais maduras, têm baixa volatilidade, endividamento controlado ou reduzido e pagam bons dividendos.
Um dos brilhos desse grupo é a recém-privatizada Sabesp. A expectativa de alguns analistas é de que a empresa de água de São Paulo aumentem sua eficiência operacional ao longo de 2025. O ano será movimento no mercado de leilões no setor de saneamento, com previsão de mais de R$ 70 bilhões em investimentos, avalia a XP.
Instituições financeiras
Bancos seriam outros caminhos óbvios na bolsa em ambientes de juros altos. “No setor financeiro, há papéis que tradicionalmente distribuem bons dividendos. Além disso, quando o juro sobe o spread bancário [diferença entre taxa de empréstimo para o cliente e a de captação para o banco] também sobe. Cobrimos um quarto dos bancos e todos têm com recomendação de compra”, afirma Peretti.
O mais recomendado seria o Itaú, seguido de BTG Pactual e Banco do Brasil e , com alguma restrição, o Bradesco – uma vez que a instituição tem uma carteira de crédito mais sensível a taxas altas na comparação com os demais.
Após apresentar consecutivos balanços com números robustos, o Itaú tem se mantido preferido do setor entre a maioria dos investidores. De acordo com o Valor 360, as ações têm potencial de se valorizar 34%, mesmo depois de altas recentes.
Optar por alocações em empresas consideradas defensivas, como bancos e elétricas, costuma ser uma marca de cautela, afinal, elas tendem a oscilar menos. Isso significa que os ganhos com a valorização das ações podem ser limitados. No entanto, permitem que a carteira fique um pouco menos volátil, amortecendo o portfólio do investidor.
Receitas em dólar
Considerando a alta de 27% do dólar em 2024, as ações de empresas que captam receitas no exterior são boas pedidas. Com a moeda americana acima dos R$ 6, sócios de exportadoras tendem a sorrir de orelha a orelha. Incluindo os donos de suas ações, que podem se proteger da inflação gerada pelo ritmo de alta câmbio.
Commodities
Peretti , do Santander, aponta para Vale, no setor de mineração, Petrobras, entre petroleiras, e JBS, entre companhias de proteína animal.
Aliás, a JBS, que esteve entre raras as altas deste ano, também é uma aposta da XP Investimentos e da Ativa. De acordo com o Valor 360, que reúne dados de empresas listadas, há um potencial de valorização de 18% no preço desta ação.
No caso da Petrobras, que se mantém em valorização por dois anos seguidos, a indicação de investimento mira mais a distribuição de dividendos do que as receitas em dólar.
Mesmo diante de momentos de queda nos preços do petróleo, que são altamente voláteis, a petroleira se mostrou excelente pagadora de dividendos, incluindo generosos proventos extraordinários, que são aqueles que vão além do estabelecido no estatuto da companhia. Na carteira recomendada do Santander, a estatal é um dos maiores destaques, representando 13% do portfólio.
Maquinário e aço
Outra estrela de 2024 que pode continuar brilhando é a Embraer. Os papéis se beneficiam em duas frentes. A primeira é a alta do dólar, por vender maquinário para o exterior. Em segundo lugar, a queda no preço de commodities metálicas, como minério de ferro e aço, baratearam os custos de material da empresa.
Por falar em metais, a Gerdau é citada por vários analistas como um papel com tudo para prosperar. “É uma empresa que tem forte exposição nos Estados Unidos”, justifica Pedro Serra, chefe de análises da Ativa. A siderurgia pode ser afetada pelas tarifas prometidas pelo novo presidente americano, Donald Trump.
O novo presidente americana ameaça taxar produtos vindos de fora. E, apesar de brasileira, a Gerdau tem operações em solos americano e canadense.
No relatório de previsões para 2025 da XP, a Suzano, exportadora de papel e celulose, também entre no time de ações que se beneficiam de um cenário de dólar nas máximas. Ela é a preferida da corretora no setor,afinal, o caixa pode ser beneficiado pela expansão do Projeto Cerrado, nova unidade fabril que promete incrementar a produção da empresa em 20%.
Quem mais pode se sair bem?
Entre os setores fragilizados em ciclos de aperto monetário, costumam ser citados tecnologia, construção civil e varejo. Ainda assim, há papéis que podem trazer boas surpresas. A XP aposta em Intelbras (tecnologia). De acordo com o analista da XP, Bernardo Guttmann, a Interbras se destaca pelo baixo endividamento.
“A Intelbras é um competidor dominante na fabricação de eletrônicos voltados para segurança, com quse 50% do mercado de câmeras de segurança, o que permite que a companhia continue crescendo em diferentes momentos do ciclo econômico. Seu canal de vendas é diferencial competitivo, com uma rede praticamente irreplicável de revendedores”, completa.
Já a Santander Corretora enxerga com bons olhos a Totvs (tecnologia). De acordo com os analistas Felipe Cheng e Cesar Devanco, a empresa tem os seguintes pontos positivos:
Continua crescendo bem no software de gestão, que é uma de suas principais áreas.
Está crescendo mais rápido em outras áreas do negócio, especialmente por vender mais produtos para seus clientes atuais.
Está aumentando seus lucros, pois consegue fazer mais com menos, aproveitando o crescimento do seu negócio.
A área de techfin (tecnologia aplicada a serviços financeiros) também está dando sinais positivos, embora ainda pequena, mesmo com o aumento dos custos para criar novos produtos.
A empresa está seguindo sua estratégia de comprar outras empresas, o que pode trazer mais oportunidades de crescimento.
Para o setor de saúde, que também pode sofrer com uma economia mais devagar, a XP vê um bom desempenho de Rede D’Or neste ano.
“Colocamos a Rede D’Or como a nossa favorita no setor de saúde, pois acreditamos que a empresa esteja bem-posicionada para absorver as pressões do mercado e, ao mesmo tempo, apresentar sólidos resultados operacionais e geração de caixa”, aponta o analista da XP, Raphael Elage.
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Corda bamba
GettyImages
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Mas quais serão, então, os novos pontos fora da curva?
Energia, saneamento e telecomunicações
Ricardo Peretti, estrategista de ações do Santander Corretora, afirma que as grandes apostas diante de um cenário tão insalubre para os ativos de risco seriam em empresas de ramos como energia elétrica e telecomunicações. São mais maduras, têm baixa volatilidade, endividamento controlado ou reduzido e pagam bons dividendos.
Um dos brilhos desse grupo é a recém-privatizada Sabesp. A expectativa de alguns analistas é de que a empresa de água de São Paulo aumentem sua eficiência operacional ao longo de 2025. O ano será movimento no mercado de leilões no setor de saneamento, com previsão de mais de R$ 70 bilhões em investimentos, avalia a XP.
Instituições financeiras
Bancos seriam outros caminhos óbvios na bolsa em ambientes de juros altos. “No setor financeiro, há papéis que tradicionalmente distribuem bons dividendos. Além disso, quando o juro sobe o spread bancário [diferença entre taxa de empréstimo para o cliente e a de captação para o banco] também sobe. Cobrimos um quarto dos bancos e todos têm com recomendação de compra”, afirma Peretti.
O mais recomendado seria o Itaú, seguido de BTG Pactual e Banco do Brasil e , com alguma restrição, o Bradesco – uma vez que a instituição tem uma carteira de crédito mais sensível a taxas altas na comparação com os demais.
Após apresentar consecutivos balanços com números robustos, o Itaú tem se mantido preferido do setor entre a maioria dos investidores. De acordo com o Valor 360, as ações têm potencial de se valorizar 34%, mesmo depois de altas recentes.
Optar por alocações em empresas consideradas defensivas, como bancos e elétricas, costuma ser uma marca de cautela, afinal, elas tendem a oscilar menos. Isso significa que os ganhos com a valorização das ações podem ser limitados. No entanto, permitem que a carteira fique um pouco menos volátil, amortecendo o portfólio do investidor.
Receitas em dólar
Considerando a alta de 27% do dólar em 2024, as ações de empresas que captam receitas no exterior são boas pedidas. Com a moeda americana acima dos R$ 6, sócios de exportadoras tendem a sorrir de orelha a orelha. Incluindo os donos de suas ações, que podem se proteger da inflação gerada pelo ritmo de alta câmbio.
Commodities
Peretti , do Santander, aponta para Vale, no setor de mineração, Petrobras, entre petroleiras, e JBS, entre companhias de proteína animal.
Aliás, a JBS, que esteve entre raras as altas deste ano, também é uma aposta da XP Investimentos e da Ativa. De acordo com o Valor 360, que reúne dados de empresas listadas, há um potencial de valorização de 18% no preço desta ação.
No caso da Petrobras, que se mantém em valorização por dois anos seguidos, a indicação de investimento mira mais a distribuição de dividendos do que as receitas em dólar.
Mesmo diante de momentos de queda nos preços do petróleo, que são altamente voláteis, a petroleira se mostrou excelente pagadora de dividendos, incluindo generosos proventos extraordinários, que são aqueles que vão além do estabelecido no estatuto da companhia. Na carteira recomendada do Santander, a estatal é um dos maiores destaques, representando 13% do portfólio.
Maquinário e aço
Outra estrela de 2024 que pode continuar brilhando é a Embraer. Os papéis se beneficiam em duas frentes. A primeira é a alta do dólar, por vender maquinário para o exterior. Em segundo lugar, a queda no preço de commodities metálicas, como minério de ferro e aço, baratearam os custos de material da empresa.
Por falar em metais, a Gerdau é citada por vários analistas como um papel com tudo para prosperar. “É uma empresa que tem forte exposição nos Estados Unidos”, justifica Pedro Serra, chefe de análises da Ativa. A siderurgia pode ser afetada pelas tarifas prometidas pelo novo presidente americano, Donald Trump.
O novo presidente americana ameaça taxar produtos vindos de fora. E, apesar de brasileira, a Gerdau tem operações em solos americano e canadense.
No relatório de previsões para 2025 da XP, a Suzano, exportadora de papel e celulose, também entre no time de ações que se beneficiam de um cenário de dólar nas máximas. Ela é a preferida da corretora no setor,afinal, o caixa pode ser beneficiado pela expansão do Projeto Cerrado, nova unidade fabril que promete incrementar a produção da empresa em 20%.
Quem mais pode se sair bem?
Entre os setores fragilizados em ciclos de aperto monetário, costumam ser citados tecnologia, construção civil e varejo. Ainda assim, há papéis que podem trazer boas surpresas. A XP aposta em Intelbras (tecnologia). De acordo com o analista da XP, Bernardo Guttmann, a Interbras se destaca pelo baixo endividamento.
“A Intelbras é um competidor dominante na fabricação de eletrônicos voltados para segurança, com quse 50% do mercado de câmeras de segurança, o que permite que a companhia continue crescendo em diferentes momentos do ciclo econômico. Seu canal de vendas é diferencial competitivo, com uma rede praticamente irreplicável de revendedores”, completa.
Já a Santander Corretora enxerga com bons olhos a Totvs (tecnologia). De acordo com os analistas Felipe Cheng e Cesar Devanco, a empresa tem os seguintes pontos positivos:
Continua crescendo bem no software de gestão, que é uma de suas principais áreas.
Está crescendo mais rápido em outras áreas do negócio, especialmente por vender mais produtos para seus clientes atuais.
Está aumentando seus lucros, pois consegue fazer mais com menos, aproveitando o crescimento do seu negócio.
A área de techfin (tecnologia aplicada a serviços financeiros) também está dando sinais positivos, embora ainda pequena, mesmo com o aumento dos custos para criar novos produtos.
A empresa está seguindo sua estratégia de comprar outras empresas, o que pode trazer mais oportunidades de crescimento.
Para o setor de saúde, que também pode sofrer com uma economia mais devagar, a XP vê um bom desempenho de Rede D’Or neste ano.
“Colocamos a Rede D’Or como a nossa favorita no setor de saúde, pois acreditamos que a empresa esteja bem-posicionada para absorver as pressões do mercado e, ao mesmo tempo, apresentar sólidos resultados operacionais e geração de caixa”, aponta o analista da XP, Raphael Elage.
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