Renda Fixa sem risco? Zelo com os conselhos de investimentos que recebe
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Neste final de semana estive corrigindo provas das minhas turmas de MBA em finanças. Estes grupos são formados em sua maioria por profissionais que trabalham em bancos ou corretoras nas posições de gerente de relacionamento, técnico ou assessor de investimentos, notadamente atendendo os investidores pessoas físicas.
São alunos jovens, que já acumulam alguma experiência, boa secção deles, inclusive, portadores de certificações concedidas pela Ancord ou Anbima, uma espécie de selo para atestar a cultura técnica para vender produtos de investimento. Ou seja, trata-se de um público com qualificação técnica.
Apesar das credenciais, a leitura atenta das provas me chamou atenção sobre porquê alguns conceitos equivocados estão entranhados em nossas mentes e porquê ainda hoje dominam nossas percepções sobre fatos corriqueiros do mercado financeiro.
Entre os exercícios um, em próprio, buscou entender porquê eles comporiam três carteiras diversificadas de investimentos para investidores com perfis conservador, moderado e arrojado. Embora tais perfis tenham lá suas limitações, eles são amplamente utilizados e evocam personas que estão muito definidas em nosso siso geral.
Uma risca mestra que orienta a formação de carteiras é utilizar proporções maiores de ativos de renda fixa em carteiras mais conservadoras, e diminuir esta parcela em prol da renda variável para imaginar as consideradas mais arrojadas. Desta forma, seria provável transmigrar de uma rentabilidade menos volátil, menos suscetível aos sobes e desces do mercado, para outra que reservaria mais emoções, maiores possibilidades de ganhos e, por conseguinte, de perdas.
Nascente concepção, porém, é incompleto. Ele funciona nos extremos. Ou seja, ele funciona muito para um título de renda fixa de prazo pequeno, até um ano por exemplo, e para ações no universal.
As nuances em relação a prazo, risco de crédito, liquidez, setores da economia, etc… fazem muita diferença no momento em que se define o objetivo de risco e retorno de uma carteira. Mas infelizmente, parece que boa secção dos profissionais que atendem os investidores negligenciam tais fatores.
Para exemplificar, vou recorrer a uma confrontação entre alguns índices de mercado que refletem o comportamento de determinadas classes de ativos. Cá vale esclarecer que um índice de mercado, porquê o Ibovespa, é uma espécie de média das cotações dos ativos em um determinado dia. Seguir a variação do índice nos permite saber a rentabilidade da classe e, por extensão, a sua volatilidade.
Para oriente manobra vamos confrontar quatro índices: o próprio Ibovespa, o CDI, o IMA-B 5 e o IMA-B 5+. Sobre o Ibovespa já falamos e o CDI é nosso velho espargido que funciona porquê uma taxa de juros para um prazo de um dia.
Já O IMA-B 5 e o IMA -B 5+ são índices, calculados pela ANBIMA, que refletem as cotações das NTN-Bs, ou Tesouro IPCA, com prazos a vencer de até 5 anos e superiores a 5 anos, respectivamente.
Considerando cá uma carteira conservadora, que deveria mitigar as oscilações de valor e a possibilidade de perdas, uma concentração em CDI ou no IMA-B 5+ faz uma enorme diferença. No período dos últimos 12 meses enquanto o CDI rendeu em torno de 11%, o IMA-B 5+ perdeu 0,50%. Já o IMA-B 5 conseguiu compreender retorno de 9%, superior inclusive ao Ibovespa, que bateu 8%.
Olhando por estas lentes fica evidente que um cliente que não desejasse ter surpresas em relação ao seu patrimônio teria ficado muitíssimo desapontado com um técnico que tivesse lhe recomendado incluir Tesouro IPCA de longo prazo na carteira.
Um outro indicador que ajuda a entender o risco de um ativo é o Drawdown, que mede a rentabilidade entre o valor supremo da cotação e um ativo, ou índice, e ponto de menor valor.
Em torno de meados de agosto último os ativos haviam conseguido suas máximas, mas o envolvente econômico degringolou. A incerteza subiu às alturas, a ponto de em dezembro termos presenciado uma saída recorde de dólares, houve uma explosão das taxas de juros e, porquê consequência, a derrocada nos preços dos ativos de risco.
Pois muito, em meados de dezembro o Drawdown do Ibovespa era de menos 12% e o IMA_B 5+ registrava pouco menos de 10%. Enquanto isso, o CDI passava incólume e o IMA-B 5 perdia unicamente um pouco porquê 2%.
O que estes números mostram é que, em cenários mais estressados, o comportamento das taxas de juros de longo prazo, muitas vezes, fica mais próximo daquele visto entre as ações do que do nosso estereótipo da renda fixa mimetizado pelo CDI.
Nascente estereótipo da renda fixa sem risco, cujos preços não oscilam, continua dominando a cabeça de muitos profissionais, o que eleva muito o risco de recomendações inadequadas ao perfil do investidor.
A estrada para um aconselhamento eficiente é mais longa do que parece.
Hudson Bessa – Economista e sócio da HB Escola de Negócios
hudson@hbescoladenegocios.com
www.hbescoladenegocios.com
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