Resultados do 3º trimestre das empresas foram mistos, com vantagem para as maiores companhias
A temporada de resultados do terceiro trimestre foi neutra para o mercado financeiro, mas destacou mais do que nunca a vantagem das empresas de maior peso no Ibovespa de se blindarem contra os efeitos da Selic elevada. Ao mesmo tempo, a janela de balanços coincidiu com a quebra de 12 recordes consecutivos de pontuação do Ibovespa, graças à ajuda da ingresso de fluxo estrangeiro para a bolsa.
Grandes pesos pesados do Ibovespa se deram melhor na temporada. A exemplo de algumas das principais empresas que divulgaram balanços lidos porquê positivos, Vale, Petrobras e Itaú Unibanco tiveram resultados operacionais, porquê aumento de receita, vendas e redução de dispêndio, que ofuscaram o impacto da subida taxa de juros ou o tarifaço dos Estados Unidos ao Brasil.
O monitor de resultados do Itaú BBA até a terceira semana de divulgação dos balanços mostra que 43% das empresas analisadas superaram a estimativa de lucro líquido, enquanto 41% deixaram a desejar. Mas, ao estudar o peso das que bateram e decepcionaram as expectativas, as companhias que bateram o consenso equivalem a 61% do valor de mercado da carteira analisada.
Na visão de João Victor Fernandes, exegeta da Warren Investimentos, as maiores empresas do Ibovespa confirmaram seu nepotismo na temporada de resultados e devem se manter no topo até o final do ano. Pelo menos em termos de lucro líquido.
Do lado contrário, as empresas mais sensíveis aos juros entregaram resultados pressionados por despesas financeiras. Ou, porquê no caso de bancos e financeiras, com subida inadimplência. Empresas mais endividadas ou que divulgaram uma surpresa com aumento de dívida tiveram os piores desempenhos, diz Daniel Utsch, gestor da Nero Capital.
As vantagens competitivas das maiores empresas fizeram a diferença no momento de alavancar a operação com a Selic mais subida, diz Fernandes, da Warren. “Essas companhias tendem a se manter no cume”, completa ao se referir ao lucro das empresas em 2025 inteiro.
- No setor bancário, o BTG Pactual (BPAC11) foi o maior destaque. Para Fernandes, o banco entregou o melhor resultado da temporada de balanços. O Itaú teve um balanço positivo, mas neutro diante das estimativas dos analistas, tanto que sua ação oscilou em seguida a divulgação. O balanço do Banco do Brasil foi o pior do setor, porque mostrou a piora de provisionamento, além de uma queda no lucro líquido. “Foi a grande engano entre as instituições financeiras”, argumenta o exegeta da Warren.
As petroleiras entraram na temporada de balanços desacreditadas, mas saíram vencedoras.
- O destaque foi a Petrobras (PETR4), que mostrou queda no dispêndio de extração de óleo, volume de produção em subida e pagou R$ 12,1 bilhões de dividendos, superando expectativas do mercado. Além da estatal, a Prio (PRIO3) teve números supra das expectativas. A grande engano dos analistas no setor de óleo e gás foi a PetroReconcavo (RECV3), considerando que o lucro caiu 23% no comparativo anual e incitou uma resposta negativa dos analistas do Itaú BBA.
As mineradoras se saíram melhores na temporada do que as siderúrgicas. O preço do ferro no mercado internacional ajudou no bom desempenho operacional das empresas do setor.
- A Vale teve produção recorde no 3º trimestre, o que ajudou a mineradora a registrar subida de 9% no lucro líquido de base anual. O preço realizado de venda do minério de ferro também subiu. Em contrapartida, empresas porquê Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3) tiveram um desempenho aquém das expectativas, principalmente no quesito de melhora de alavancagem.
Em varejo, a diferença dos resultados para cada ramo de atuação ficou mais clara. As marcas de vestuário e roupa tiveram resultados positivos, enquanto as redes de bens de consumo de risco branca e móveis, por exemplo, decepcionaram analistas.
- Utsch, da Nero, apontou que Lojas Renner (LREN3) teve resultados aquém das projeções do mercado financeiro, mas C&A e o Grupo SBF, possessor da rede Centauro, obtiveram bons números no terceiro trimestre. “A Ambev (ABEV3) surpreendeu para cima, ao passo em que o mercado esperava resultados menores”, comentou o gestor. “O e-commerce foi muito pior que o esperado, e Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3) tiveram desempenhos que não foram muito recebidos no pregão seguinte à divulgação.”
Analistas avaliam temporada neutra: ela ajudou o Ibovespa a sovar recordes?
Os analistas afirmam que a temporada de resultados do terceiro trimestre deixou um sentimento misto no mercado financeiro. Ela foi ofuscada, enfim, pela antecipação da expectativa de queda da Selic, de março para janeiro, em seguida a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Mediano) em manter os juros a 15% ao ano, em sua última reunião.
Ou por outra, uma subida de fluxo estrangeiro para mercados emergentes no ano, resultado de fuga de capital dos EUA, levou a bolsa a sovar a sequência de recordes durante a temporada de resultados. Nesse sentido, resultados financeiros neutros mostram aos investidores de fora que as companhias brasileiras vem lidando muito com os juros altos, diz Utsch.
“O fluxo que gerou as altas consecutivas não dependia dos resultados corporativos, faz segmento de um envolvente maior de estrangeiros investindo em mercados emergentes. “Mas, se os resultados tivessem piorado, talvez o fluxo não viesse. As empresas mostraram números equilibrados, neutros mesmo com juros altos“, comentou o perito.
Para Isabel Lemos, gestora de renda variável da Fator Gestão de Recursos, do Banco Fator, a temporada de resultados “fez pouco para contribuir para a subida da bolsa de valores”. Em vez disso, os balanços serviram para “esclarecer distorções” que o mercado havia encaixado na negociação de alguns papéis, gerando novas expectativas para as empresas até o final do ano.
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