<div>Sem Lira e Pacheco e ao lado de ‘Xandão’, Lula exalta democracia e cria Prêmio Eunice Paiva</div>

“A democracia não é uma coisa pequena, é uma coisa grande pra quem ama a liberdade. Eu não sou marido, eu sou amante da democracia. A democracia é aquela que garante oportunidade para todos vencerem na vida. Hoje é dia de dizermos em alto e bom som: ainda estamos aqui. Estamos aqui para dizer que estamos vivos”, disse Lula.
A solenidade teve ausências sentidas, como dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, que mandaram representantes.

O presidente ainda afirmou que “a democracia está viva, ao contrário do que planejavam os golpistas de 8 de janeiro de 2023. Estamos aqui para dizer: ditadura nunca mais, democracia sempre. Se estamos aqui é porque a democracia venceu. Caso contrário, muitos de nós estaríamos presos, exilados ou mortos. Se hoje podemos vacinar nossas crianças é porque a democracia venceu”.

Além da defesa institucional, Lula fez o discurso mais político da solenidade, com recados aos responsáveis pelos atos golpistas e aos que planejaram contra a vida do mandatário.

“Os responsáveis pelo 8 de janeiro estão sendo investigados e punidos, todos pagarão pelos crimes que cometeram. Defendemos a liberdade de expressão, mas não seremos tolerantes com discursos de ódio. Seguiremos trabalhando dia e noite para a construção de um Brasil mais justo porque a democracia venceu”, disse Lula.

Xandão

Ainda durante o evento, ele brincou com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em razão do apelidado dado ao magistrado por populares.

“Eu tenho 79 anos de idade, já vivi muito e nunca conheci um ministro da Suprema Corte que tivesse um apelido dado pelo povo chamado Xandão. Desse apelido você nunca mais vai se livrar. Ninguém vai parar de te chamar de Xandão”, brincou Lula.

Relator de inquéritos relacionados aos ataques contra a democracia, Moraes compareceu à cerimônia no Palácio do Planalto.

Além disso, o mandatário assinou o decreto que cria o Prêmio Eunice Paiva de Defesa da Democracia. Também assinaram o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o advogado-geral da União, Jorge Messias, além de dois netos de Eunice: Chico Rubens Paiva e João Francisco Paiva Avelino.

Considerada um dos símbolos da luta contra a ditadura militar, Eunice se especializou na defesa dos direitos humanos. Ela foi casada com o ex-deputado Rubens Paiva, que teve se mandato cassado em 1964, foi perseguido e morreu nas instalações de uma unidade militar do regime, em 1971. Ela lutou por décadas pelo reconhecimento do Estado do assassinato do marido.

A história dela foi escrita por Marcelo Rubens Paiva, um de seus filhos, no livro “Ainda Estou Aqui”, que foi adaptado para o cinema sob direção de Walter Salles.

“A arte e a cultura carregam a memória de um pouco, arte e cultura que as ditaduras odeiam”, disse Lula, que citou Eunice e afirmou que democracias para poucos não é uma democracia plena.

Conteúdo originalmente publicado pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico
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