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Só pedrada! Reversão das expectativas derruba Ibovespa aos 121 mil pontos

Só pedrada! Reversão das expectativas derruba Ibovespa aos 121 mil pontos

Só pedrada! Reversão das expectativas derruba Ibovespa aos 121 mil pontos

Só pedrada! Reversão das expectativas derruba Ibovespa aos 121 mil pontos
Saldo do Dia: A venda do bloco de 173 milhões de ações da Vale detidas pela Cosan pesou o clima nas negociações. Mas foi a (re)virada do cenário para os juros a verdadeira responsável pela devolução de parte das conquistas na bolsa ontem A debandada da Vale foi uma pedrada no Ibovespa nesta quinta (16). O movimento da Cosan de zerar a sua posição na companhia engatilhou um fluxo vendedor que contaminou o pregão.
O bloco de ações até então nas mãos da Cosan correspondia a pouco mais de 4% do capital social da Vale. Esses 173,4 milhões de ações foram leiloados ao preço final de R$ 52,29, ou 0,6% abaixo do fechamento do papel ontem.
Acontece que, embora a ação da Vale tenha encerrado o dia praticamente estável, um movimento grandioso de venda do ativo de maior peso (11,25%) na carteira do Ibovespa sempre tem seu preço.
O principal índice de ações da B3 recuou 1,15% e voltou aos 121 mil pontos superados no pregão de ontem depois da maior alta diária em quase dois anos. Dias de lutas, dias de glória. A luta de hoje foi definitivamente perdida, e o Ibovespa reduziu a alta acumulada em 2025 para 0,8% hoje.
A saída da Cosan do quadro acionário da Vale – embora motivada, segundo a vendedora, a usar o dinheiro para reduzir o seu endividamento – acionou alarmes de emergência.
Investidores de bolsa foram incitados a mexer nas carteiras.
O resultado se refletiu, claro, no giro da carteira hoje.
Mas nem toda a responsabilidade pela queda do Ibovespa hoje deve ser atribuída à Vale.
Como é do jogo no mercado financeiro, quando as coisas desandam de algum lado, tudo mais desanda. E motivos para isso não faltaram.
Entre as poucas exceções de hoje, Cosan avançou com a perspectiva de reduzir sua dívida em R$ 9 bilhões, e a Embraer liderou esse movimento com novos pedidos na conta.
A Azul também conseguiu se descolar da queda generalizada graças ao memorando de entendimento sobre a sua fusão com a Gol. Embora os ganhos para esses investidores tenham sido relevantes, o impacto dessa alta no Ibovespa é pífio: de 0,07%.
E o time dos perdedores de hoje não era facilmente enfrentado.
Além da Vale, outros pesos-pesados na carteira jogaram contra. Petrobras e suas pares, siderúrgicas, mineradoras e mais quase todos os grandes bancos encerraram o dia com perdas significativas.
E o motivo foi uma correção no cenário do mercado para as economias do Brasil e dos Estados Unidos após o surto otimista de ontem.
Apenas pedradas
Parece fazer tanto tempo que os investidores apostavam em quedas de juros lá nos Estados Unidos e num alívio para a taxa daqui. Foi ontem.
Mas os sinais se inverteram. E, de novo, motivos para isso não faltaram.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), também chamado de prévia do PIB brasileira, indicou uma economia em expansão em novembro aqui no Brasil, contrariando as expectativas de retração na evolução mensal.
Pode ser um sinal de que o risco inflacionário medido pelo Banco Central (BC) do Brasil ainda esteja subdimensionado – apesar de a Selic já rumar para os 14,25% até março.
Mas, como reportou o Valor PRO, foi o leilão de títulos prefixados do Tesouro Nacional que pressionou as negociações dos juros futuros.
Apesar da boa aceitação dos papéis pelos investidores, como informou a agência de notícias em tempo real do Valor Econômico, a oferta grande provocou a correção altista nas taxas.
Acabou? Nem pensar.
O resultado positivo de vendas no varejo americano em dezembro mudou hoje a percepção de que o banco central dos EUA conseguiria promover mais um corte nos juros em janeiro.
“O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, sinalizou que o país pretende adotar uma política tarifária mais rígida, retomando um discurso que havia sido suavizado no início da semana. Além disso, ele enfatizou o compromisso de manter o dólar como a principal moeda de reserva mundial, uma mensagem que pode ser interpretada como uma resposta ao avanço econômico da China e às discussões sobre diversificação monetária global”, aponta André Galhardo, consultor econômico da plataforma Remessa Online.
Com mais esses motivos, o dólar comercial escalou 0,48% hoje e foi a R$ 6,05. Neste ano, no entanto, a moeda americana ainda acumula perda de 2,05%.
São pressões que se somam sobre a condução da política monetária no Brasil.
Com juros elevados por mais tempo lá fora, a Selic tem menos um motivo para cair (ou mais um para subir), já que a rentabilidade da renda fixa brasileira precisa estar atrativa o suficiente para brigar com os títulos públicos americanos.
Dito tudo isso, não dá para ignorar que investidores brasileiros já teriam acordado hoje com motivos para embolsar os lucros conquistados ontem.
“É importante termos em mente que o movimento do nosso mercado permanece baixista, e qualquer alta isolada não altera essa tendência”, afirma Anderson Silva, chefe da mesa de renda variável e sócio da GT Capital.
Ele alerta os mais empolgados que nenhum movimento de alta ou baixa em meio à atual crise de credibilidade do governo deve ser interpretado como uma mudança fundamentada nos aspectos intrínsecos das empresas — salvo raras exceções.
“O que estamos observando se trata, na verdade, de uma questão sistêmica.”
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