Tesouro Direto: por que investir no longo prazo se o pequeno está pagando mais?
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Os títulos do Tesouro Direto com prazos mais curtos têm nadado contra a maré e oferecido retornos mais altos do que os papéis mais longos. A situação, contraintuitiva, gera dúvidas ao investidor que não sabe se mantém a mesma estratégia ou recalcula rota diante desse cenário.
O oposto, títulos curtos pagando menos do que títulos longos, é o mais generalidade, já que prazos maiores representam também riscos maiores. Justamente para ressarcir o temor do investidor, papéis com vencimentos distantes normalmente oferecem retornos mais elevados.
No entanto, em dias de maior estresse em julho, posteriormente o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o Brasil, o rendimento oferecido pelo título Tesouro IPCA+ com vencimento em 2029 chegou a ser 1 ponto percentual mais cumeeira que o do Tesouro IPCA+ com vencimento em 2050.
Diante desse cenário, a recomendação de especialistas é que não vale a pena comprar papéis de prazo longo, porque os juros oferecidos não são compatíveis com o risco que se toma.
A crítico de renda fixa da Órama Investimentos, Sandra Blanco, lembra que carregar um título por dez anos é muito mais incerto do que por um ou três anos. Para ela, esse cenário é sintoma de uma economia ruim e entra na conta da pressão inflacionária, principal temor do Banco Meão no momento.
A última vez que isso aconteceu, há dez anos, o Tesouro Prefixado 2018 chegou a oferecer juros 1,05 ponto percentual supra do Tesouro Prefixado 2021. Àquela profundeza, pouco antes do impeachment da portanto presidente Dilma Rousseff, a Selic voltava aos dois dígitos e a inflação se aproximava dos 9% no aglomerado dos 12 meses até junho.
A diferença entre os dois períodos é que, em 2015, a inversão da curva de juros foi mais evidente nos títulos do Tesouro Prefixado. Em 2025, os papéis atrelados à inflação é que vivem esse momento. No universal, isso tem relação direta com as expectativas sobre a política monetária. Se as taxas estão subindo, significa que o mercado está projetando juros maiores para os próximos anos, diante de um cenário em que a inflação não tem convertido para a meta.
Para a técnico, os títulos prefixados de pequeno prazo não seguiram o mesmo caminho porque o mercado ainda acredita que a credibilidade fiscal não foi completamente descartada.
Os títulos atrelados à inflação têm o mercê de proteger o investidor da inflação e os juros não estão pagando o que deveriam em troca do prazo maior da emprego, avalia Blanco. Logo, o ideal é optar por títulos de prazo menor.
Papéis de longo prazo, explicam os especialistas, têm maior relação com a expectativa para a situação fiscal do país, por isso, podem apresentar ainda mais volatilidade. “Eles subiram muito, assim uma vez que os de pequeno prazo, mas não compensa levar um título que carrega mais incertezas do que segurança”.
Ao falar sobre as preferências, Rafael Bellas, da InvestSmart, avalia que a melhor opção entre os prefixados está no Tesouro Prefixado 2028. Para ele, o título já prevê uma Selic ainda em dois dígitos, mas menor do que a taxa básica de juros atual. Em conferência aos atrelados à inflação de pequeno prazo, os papéis IPCA+ estão mais atrativos do que os prefixados também com vencimento mais pequeno.
Portanto, esse pode ser um bom ponto de ingresso para os títulos atrelados à inflação, que pagam juros reais de pelo menos 7% ao ano.
Na prática, a taxa de juros oferecida por um título de renda fixa tem uma relação inversa com o seu valor de negociação no mercado. Quando as taxas sobem, uma vez que tem sido o caso ao longo deste ano, seu preço tende a desabar. Assim uma vez que o investidor que comprou um papel de renda fixa a uma taxa mais subida no pretérito pode ter a chance de vendê-lo no horizonte por um preço maior e obter ganhos, caso as taxas oferecidas por aquele título no momento da venda estejam mais baixas.
Na hora de escolher a melhor opção, os títulos que não pagam renda semestral envolvem um nível de risco maior nos momentos ruins, quando os preços costumam desabar mais. Outro ponto de atenção é que quanto maior o prazo, maior também é a oscilação do papel. Por isso, o investidor precisa ponderar na hora de determinar o vencimento do papel.
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