Testamos o ChatGPT e descobrimos uma vez que (não) investir usando IA
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A IA (lucidez sintético) generativa tem sido cada vez mais usada para tirar dúvidas sobre diferentes assuntos. Desde perguntas que envolvem correções gramaticais até confirmações de sintomas de doenças comuns. E esse movimento não tem sido dissemelhante no mercado de investimentos.
Instituições financeiras já estão, inclusive, lançando “assistentes” de IA e outros recursos que podem interagir com o cliente. Mas, e os meios abertos de IA generativa, uma vez que o popular ChatGPT? É verosímil investir com a ajuda deles? A tecnologia tem um limite ou dá para responsabilizar em todas as recomendações e estratégias de investimento que ela sugere?
A resposta é: depende. Entre os especialistas consultados pelo Valor Investe, é consenso que, quando se fala em investimentos, os serviços de IA generativa (aqueles que são capazes de fabricar novos conteúdos, uma vez que texto, imagem, áudio ou vídeo, a partir de instruções fornecidas pelos usuários) podem funcionar uma vez que uma utensílio de instrução financeira, principalmente para quem está começando a investir agora.
Com o ChatGPT, por exemplo, é verosímil tirar dúvidas sobre quais aplicações estão disponíveis em renda fixa e o que significa cada uma delas, saber empresas que estão listadas na bolsa e quais são os primeiros passos para estrear a investir.
Na visão dos especialistas, o usuário pode, ainda, entender quais são os perfis de investidores (conservador, moderado e ofensivo) e saber diferenças básicas entre determinados tipos de investimentos. Ou seja, pode identificar seu próprio perfil e se conectar com as aplicações disponíveis no mercado.
“Em um primeiro momento, o investidor pode se beneficiar dessa interação com a IA, enfim ele precisa estar atilado a opções e entender os diferentes produtos ofertados. Tem uma primeira segmento do processo que é quase formativa“, explica Rodrigo Amantea, professor do Insper e coordenador acadêmico do Hub de Inovação e Empreendedorismo Paulo Cunha.
Ao mesmo tempo, segundo Amantea, existe a “incerteza da habilidade de uma pessoa com pouco letramento em investimento de fazer essa interação da forma correta“. Isso porque, ao fazer uma pergunta muito específica, é verosímil que a resposta fornecida pela IA seja mais enviesada do que seria em uma pergunta mais ampla. E há ainda outro duelo – a “alucinação” do sistema, quando as respostas fornecidas trazem informações incorretas, desconexas e até tendenciosas.
De combinação com Amantea, “quanto menos letrado em investimentos o interlocutor é, mais superficial será a pergunta”, e, consequentemente, “mais ampla e verosímil de ter qualquer tipo de alucinação vai ser a resposta“.
Por isso, é preciso não só formular o questionamento de forma adequada, mas também ser capaz de fazer uma estudo da resposta para entender se ela é, ou não, satisfatória.
“Uma pessoa iniciante no mundo de finanças e de investimentos vai se beneficiar muito mais do ChatGPT uma vez que um instrumento de instrução e ao fabricar o hábito de estimar aplicações e tomar a decisão risco-retorno do que efetivamente responsabilizar 100% em um oferecido obtido pela IA“, analisa Amantea.
Testamos o ChatGPT! E aí?
Considerando um usuário que já tem um conhecimento mais profundo sobre investimentos, uma pergunta verosímil de ser feita para uma utensílio ensejo de IA generativa, segundo Amarante, é: “quais as disponibilidades hoje de fundos de investimentos de renda fixa com melhor performance nos últimos 12 meses?“.
O Valor Investe fez leste questionamento ao Chat GPT e recebeu uma vez que resposta os fundos Toro Global FIM Crédito Privado, Canvas Cadenza High Yield (FIM), Special Situations III FIC FI, RK Credit OPP, RB Cap Vitória FIC, Absolute Hidra CDI FIC e BV Crédito Ativo RF.
A resposta, no entanto, já pode moderar um equívoco. De combinação com Marcelo d’Agosto, consultor financeiro e colunista do Valor Investe, o “Toro Global” parece ser uma recomendação sem fundamento, já que leste é um fundo pequeno, com 233 cotistas. Outro ponto de atenção, segundo d’Agosto, está na forma uma vez que a própria pergunta poderia ser feita pelo investidor. “Não dá para investir perguntando só sobre a rentabilidade, porque ela maior está associada a um risco também maior. Para esse tipo de pergunta numérica e objetiva, o ChatGPT não é ideal, porque pode finalizar ‘chutando’ qualquer informação. Ele funciona mais uma vez que um primeiro filtro, onde o usuário vai refinando as respostas“, afirma d’Agosto.
O Valor Investe também pediu para a utensílio fazer a elaboração de uma carteira de investimentos a partir dos parâmetros:
- Perfil de investidor: moderado
- Horizonte: longo prazo
- Objetivo: valorização de patrimônio
- Disposição à renda variável: baixa
A carteira criada pelo ChatGPT recomendou a seguinte alocação:
Carteira de investimentos sugerida
| Renda Fixa (60% a 70%) | Renda Variável (20% a 30%) | Investimentos Internacionais (5% a 10%) |
| Tesouro IPCA+ (2029 a 2035): 20% | ETFs diversificados, uma vez que BOVA11: 10% | ETFs Internacionais, uma vez que IVVB11: 5% a 10% |
| Tesouro Prefixado (2027 a 2029): 10% | Fundos de ações com gestão ativa: 5% a 10% | |
| CDBs, LCIs ou LCAs: 20% | Fundos Imobiliários: 5% a 10% | |
| Fundos DI ou CDBs: 10% |
Nos testes feitos pelo Valor Investe, o ChatGPT afirmou fabricar uma carteira totalmente “personalizada” para o usuário, considerando o objetivo e o perfil do investidor. No entanto, na visão de Flávio Conde, técnico em renda variável na Levante Investimentos, a carteira sugerida supra não traz uma recomendação descabida, mas é uma elaboração “rasa”, já que “são informações genéricas que carecem de explicações e de um detalhamento mais completo de uma vez que fazer todos esses investimentos”.
Em outra pergunta, o Valor Investe pediu ao ChatGPT para montar uma carteira com foco em dividendos, considerando cinco opções de ações listadas pelo Ibovespa. A sugestão dada pela utensílio foi:
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Apesar de trazer até o peso de cada alocação e a justificativa da escolha por essas empresas, o ChatGPT pode não oferecer respostas adequadas para perguntas que deixam o investimento mais seguro e completo, além de conectado ao contexto econômico. E é verosímil que um investidor iniciante nem mesmo saiba quais são todas as perguntas necessárias para isso.
Conde explica que, geralmente, em uma carteira de dividendos, é preciso saber os riscos que determinada empresa corre hoje, seu histórico e se em qualquer momento ela não pagou os dividendos para os acionistas. Além de outras questões mais ligadas ao cenário econômico, uma vez que por exemplo “será que o momento de comprar é agora ou devo esperar mais uma semana e ver o que o governo vai deliberar sobre o IOF?“.
E uma vez que ChatGPT responde a partir de uma base de conhecimento, atualizada diariamente por meio de novas perguntas feitas pelos usuário, é verosímil que ele ainda não tenha respostas para questionamentos específicos relacionados à finanças e investimentos.
Em outro teste feito pelo Valor Investe, o ChatGPT recomendou para a elaboração de uma carteira, ações do Itaú, Taesa, Rumo, Drogasil, Engie, Vale, Ambev, Banco do Brasil e CCR. Na visão de Conde, essa é uma carteira “pequena, incompleta e desbalanceada”, além de trazer a indicação de empresas, uma vez que a Drogasil, que estão em um cenário pouco atrativo para o investidor.
“Muitas vezes temos que fazer perguntas que nunca foram feitas, tocar em pontos em que o GPT traz uma resposta ‘fria’, enquanto o assessor ou crítico estrategista traz uma resposta ‘quente’. E não existe, no mercado de investimento, dez perfis de pessoas [para uma carteira pronta], são milhões”, afirma Conde.
Nesse ponto, Amarante indica as perguntas que norteiam o “perfil” e possivelmente não seriam questionadas aos usuário por uma IA generativa. Por exemplo: “qual é a idade de quem vai investir? A pessoa tem filhos? Ela gasta muito ou pouco? Quanto ela ganha e em qual momento de vida está?“.
E para quem não é um investidor iniciante?
Na visão do professor do Insper, Ricardo Amantea, com dados abrangentes, o ChatGPT pode fornecer opções de investimentos que podem evadir do olhar do assessor, que oferece a emprego ao cliente a partir de um cenário menor. De combinação com o técnico, a utensílio de IA pode, inclusive, melhorar o diálogo do investir com o seu crítico.
“O que se diz no mercado financeiro é que as opções de investimentos estão disponíveis para todo mundo, que todos têm chegada a tudo. Agora, o quanto isso é efetivamente apresentado de forma similar por quem está em espaços diferentes? Eu vejo divergências [entre o que os bancos e corretoras oferecem]”, avalia Amantea.
Para o técnico, ao consultar uma IA generativa, o investidor pode permanecer “mais esperto” para conversar com bancos e corretoras e até “desafiar a recomendação” passada. “Mas isso depende da capacidade do usuário de fazer as perguntas corretas para o chat”, conclui.
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