Trump disse que 'tudo ficará muito' com a China e o mercado acreditou

Mas o termo de semana veio para aquietar os ânimos. Depois Pequim responder duramente, Trump decidiu adotar um tom mais conciliatório, garantindo que “tudo ficará muito”. Os investidores, por sua vez, escolheram confiar.

• No termo da sessão de hoje, o Ibovespa subiu 0,78%, aos 141.783 pontos. No mês, as perdas são de 3,05%. No ano, o índice sobe 17,87%.

O índice seguiu o otimismo internacional, impulsionado também pelas altas de Vale e Petrobras, empresas de potente peso no índice, influenciadas pela subida do minério de ferro e do petróleo. Outras companhias do setor porquê Brava Força e PetroRecôncavo também subiram.

• Entre as companhias ligadas a commodities metálicas, CSN (CSNA3) disparou 6,35%, figurando a maior subida do dia, enquanto Gerdau (GGBR4) subiu 2,13%, Usiminas (USIM5) avançou 6,32% e Vale (VALE3) ganhou 1,49%, acompanhando a valorização dos preços do minério de ferro no exterior;
• No setor de petróleo e gás, o desempenho também foi positivo: Petrobras PN (PETR4) ganhou 0,97% e Petrobras ON (PETR3) subiu 0,94%, enquanto Prio (PRIO3) avançou 0%78, acompanhando a recuperação do Brent, que voltou a operar supra de US$ 63 o barril.

Das 82 ações que compõem o índice, 37 encerraram o pregão em subida, 35 ficaram estáveis e dez caíram.

O dólar, que disparou supra dos R$ 5,50 e garantiu os holofotes do pregão de sexta-feira, recuou com a possibilidade de entre os dois países.

• A moeda americana ficou 0,75% mais barata frente ao real, a R$ 5,46. No mês, aprecia 2,62%. No ano, no entanto, fica1,62% mais barata.

A labareda da guerra mercantil entre EUA e China ganhou uma novidade faísca na sexta-feira, quando Donald Trump ameaçou taxar em 100% os produtos chineses a partir de 1º de novembro, resposta direta às restrições de Pequim à exportação de terras raras, insumo vital para semicondutores, baterias e carros elétricos.

Pequim reagiu com diplomacia e alfinete: pediu “negociações, não ameaças”, mas avisou que “não teme uma guerra tarifária”. Mais tarde, Trump tratou de jogar um balde d’chuva no queima e postou na Truth Social que “tudo ficará muito com a China”.

Nesta segunda, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, confirmou que Trump deve se reunir com Xi Jinping na Coreia do Sul. “Reduzimos substancialmente a escalada”, disse. Por ora, as tarifas continuam no modo “espera”.

“Num cenário assim, as economias passam a reagir de forma mais independente, e os ciclos de desenvolvimento e inflação deixam de caminhar no mesmo ritmo entre os países. Para o investidor brasílico, isso significa que pensar a carteira de forma global se torna ainda mais importante”, afirma Caio Athié Teruel, gestor patrimonial na Cimo Family Office.

Enquanto isso, em Brasília, o foco é outro tipo de guerra, a fiscal. Com um rombo de R$ 46 bilhões ingénuo depois a derrubada da MP 1.303, o ministro Fernando Haddad cancelou a viagem ao FMI para tentar fechar as contas de 2026.

Lula volta de Roma nesta segunda e deve desancar o martelo sobre as novas medidas. Amanhã, Haddad encara o Senado para discutir a ampliação da filete de isenção do IR até R$ 5 milénio, já aprovada na Câmara.

“Contribui para o otimismo os dados do boletim Focus de hoje que trouxeram inflação para inferior e passando de 4,80% para 4,72%. Já a projeção para a Selic segue no patamar de 15% pela décima sexta semana seguida. Sem dúvidas, temos hoje um dia de correção depois queda na última sexta-feira muito motivada pelas ameaças de Trump em relação à China”, relembra Fabio Louzada, economista e fundador da Faculdade Brasileira de Negócios e Finanças.

• Os contratos futuros de juros recuaram, refletindo a percepção de que não há urgência de um aperto suplementar na política monetária. Isso acontece porque os juros futuros funcionam porquê uma espécie de termômetro das expectativas do mercado.