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Usiminas (USM5) tem prejuízo. É hora de vender as ações? Ou aproveitar para comprar?

Usiminas (USM5) tem prejuízo. É hora de vender as ações? Ou aproveitar para comprar?

A Usiminas registrou prejuízo de R$ 3,5 bilhões no terceiro trimestre de 2025 e reverteu o lucro de R$ 184,6 milhões obtido um ano antes. A principal explicação para o resultado, segundo a companhia, foram baixas contábeis (chamadas de “impairment”), que somaram R$ 2,2 bilhões, além de ajustes de impostos diferidos de R$ 1,4 bilhão. Sem esses efeitos, a empresa teria um lucro líquido de R$ 108 milhões, com receita de R$ 6,6 bilhões, uma queda de 3% na conferência anual. Para os analistas, o resultado mostra resiliência operacional e boa geração de caixa, mas o cenário para o médio prazo segue nebuloso, mormente com riscos ligados à demanda global por aço e à competição com produtos importados.

Segundo a companhia, o Ebitda ( a {sigla} em inglês para “earnings before interest, taxes, depreciation and amortization”, que significa “lucros antes de juros, impostos, descrédito e amortização” em tradução livre) ajustado foi de R$ 434,1 milhões, subida de 1,84% em 12 meses, refletindo ligeiro melhora na eficiência e na gestão de custos, mormente no segmento de mineração. Já o Ebitda contábil ficou negativo em R$ 1,74 bilhão, devido aos efeitos das baixas contábeis.

É importante lembrar que o Ebitda mostra quanto aquela companhia está gerando de lucro se excluir da conta quanto ela paga de juros aos credores, de tributos ao governo e também a descrédito e amortização (sendo que estas duas últimas se referem a investimentos feitos pela empresa no pretérito, mas que reduzem o lucro paulatinamente). Em outras palavras, é uma medida que mostra o potencial de geração de caixa daquele negócio.

A margem operacional (que mede quanto a empresa consegue manter de lucro em relação à sua receita posteriormente descontar custos e despesas operacionais) foi de 7%. O resultado indica que, a cada R$ 100 em vendas, muro de R$ 7 ficaram uma vez que resultado operacional.

“A margem Ebitda subiu para 7%, uma subida de 0,3 ponto percentual em relação ao mesmo trimestre de 2024. Isso reflete o controle de custos e eficiência industrial, principalmente no segmento de mineração”, afirma João Tonello, crítico da Benndorf Research.

Ele destaca uma vez que pontos positivos o Ebitda ajustado resiliente, a eficiência operacional e a estrutura financeira sólida, com dívida líquida de R$ 327 milhões e alavancagem em queda.

Por outro lado, ele alerta que o prejuízo contábil e a retração de vendas de aço indicam um cenário estrutural mais fraco.

Phil Soares, crítico da Options, considera que o resultado veio aquém do esperado. “Os preços de venda de minério e aço em queda são um lado negativo, mas compensados pelo volume praticamente fixo de venda de aço e subida no volume de venda de minério do lado positivo. O Ebitda teve subida, mas ficou levemente aquém do consenso de mercado, oferecido que as margens e volumes seguem pressionados pela concorrência com o aço importado subsidiado da China”, afirma.

Marco Saravalle, estrategista-chefe da MSX Invest, por outro lado, afirma que os números vieram em risco com o que o mercado esperava. Para ele, o desenvolvimento do Ebitda, ainda que de forma modesta, é um ponto positivo.

“A empresa sinalizou que deve ter um quarto trimestre fixo, sem grandes oscilações, o que é bom porque sempre tem a preocupação de um quarto trimestre pior”, afirma. No entanto, ele destaca que há uma preocupação em relação ao fluxo de caixa no porvir.

“Agora ele veio bom e fixo, mas a preocupação é se ele deve se manter nessa mesma magnitude, provavelmente não. Portanto, o mercado deve receber muito fluxo de caixa no pequeno prazo, mas fazer contas e ver o quanto será ao longo dos próximos trimestres, já que tem investimento de capital e capital de giro muito executado nesse trimestre que talvez não se repita nos próximos”, diz.

As ações devem subir hoje?

De conformidade com Saravalle, estrategista-chefe da MSX Invest, o mercado deve reagir de forma neutra a ligeiramente positiva no pequeno prazo.

No entanto, ele pondera que secção dessa boa performance veio de redução pontual de capital de giro e investimentos, o que pode não se repetir nos próximos trimestres. Por isso, o conforto momentâneo pode dar lugar a uma leitura mais cautelosa conforme o mercado projeta os próximos resultados.

Já Soares, da Options, afirma que apesar do resultado mais fraco que o esperado pelo mercado, as notícias positivas sobre avanços em medidas antidumping contra o aço chinês importado, o que deve contribuir com o desempenho positivo das ações hoje, com a Usiminas sendo a principal beneficiária da eventual aprovação dessas medidas entre as empresas listadas do setor.

Para quem não sabe, o antidumping é uma medida mercantil que impede a importação de produtos vendidos a preços artificialmente baixos, aquém do dispêndio de produção, para proteger a indústria pátrio de concorrência desleal.

Entre os analistas, o consenso é de cautela. Embora o fluxo de caixa e a desalavancagem sejam pontos fortes, o prejuízo contábil significativo e a pressão sobre o setor de siderurgia limitam o potencial de valorização no pequeno e médio prazo.

“O setor vem se movimentando positivamente, mas a Usiminas não é a melhor escolha dentro dele neste momento”, afirma Tonello.

Saravalle reforça a mesma visão: o investidor deve permanecer de fora por ora, aguardando sinais mais claros de recuperação estrutural da demanda e firmeza nos preços do aço.

Por término, Soares, acredita que ainda não há zero que indique ser um bom momento para compra das ações da Usiminas.

“Permanecemos cautelosos quanto à dinâmica de volume e preços do setor no Brasil, oferecido a competição com o aço chinês subsidiado. Seguimos preferindo Gerdau, que tem exposição relevante nos EUA, onde a indústria siderúrgica é protegida por tarifas”, diz.

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