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Voce não precisa estar notório. Precisa estar vivo

Voce não precisa estar notório. Precisa estar vivo

Voce não precisa estar notório. Precisa estar vivo

Voce não precisa estar notório. Precisa estar vivo

Uma das coisas que incessantemente preciso lembrar é a frase que dá título a nascente cláusula. Sempre que estou zerado — ou com exposição mínima em determinado ativo — surge aquele sentimento incômodo de que perdi um tanto, de que poderia estar melhor. É porquê estar num bar comemorando o título de um time que não é o seu. Todos vibram, mas você está ali, neutro, deslocado. No jargão financeiro, está zerado naquele ativo.

Esse sentimento é desconfortável. E, justamente por isso, temos a tendência originário de evitá-lo. O problema é que, ao fugir desse desconforto, acabamos tomando decisões financeiras subótimas — para expor o mínimo. Seguimos a manada, entramos atrasados em movimentos já esticados e, pior, sem entender recta por que estamos ali. Não é que o consenso esteja sempre falso, mas quando a base da decisão é emocional — e não analítica —, o risco aumenta. Investir junto com todo mundo, só porque “está subindo”, é um dos erros mais fáceis de cometer.

Vale terebrar cá um parêntese sobre a dinâmica de mercado. A maioria dos investidores enxerga o mercado porquê um sistema binário — onde ou se está comprado ou se está zerado. Mas a verdade é que ele se comporta porquê um espectro que vai de -1 a +1. Podemos estar 100% comprados, 100% vendidos ou simplesmente zerados. E, embora essa última posição pareça insossa, ela pode ser a mais poderosa em determinados momentos. Estar zerado não é sinônimo de inércia. Pelo contrário — é uma decisão ativa, estratégica, baseada na leitura de que não há assimetria suficiente naquele momento. Ter essa consciência não é trivial. E, nesses momentos, o sentimento de “estar perdendo” quando o mercado anda é quase inevitável.

O que me ajudou muito a mourejar com isso foi inaugurar a ver o mercado por esse prisma de -1 a +1. Estar zerado é desconfortável porque, volta e meia, você vai estar naquele bar que mencionei no início, contornado de gente que ganhou — seja com a subida ou com a queda. Em universal, a sarau é mais barulhenta quando o mercado sobe, já que a maioria atua porquê comprada ou, no supremo, zerada. Mas também há o vendido, que lucrou com a queda. E você ali, fora do jogo, observando.

Ainda assim, essa posição aparentemente “em cima do muro” é extremamente potente — mormente em momentos de enorme incerteza, porquê o atual. O Bitcoin, que há tempos se tornou termômetro do gosto global por risco, já acumula uma queda superior a 25% desde o topo recente. Ainda não dá para declarar com transparência que estamos em um bear market, embora as vozes nesse sentido estejam cada vez mais altas. Mas o simples indumentária de a incerteza ter se instalado já é suficiente para mudar a dinâmica. Quando o mercado perde direção e o sentimento se fragmenta, o campo fica fértil para erros. E um dos mais perigosos é operar porquê se tudo estivesse normal.

Não preciso me demorar muito sobre o quão estranho está o mercado atualmente. Os sinais estão por toda segmento — e os motivos para entrarmos em espirais de realização profundas são inúmeros. Já escrevi sobre isso em um cláusula recente. O que falta, talvez, não seja mais um oferecido ou uma estatística, mas sim uma mudança de sentimento. Um gatilho. Alguma coisa que rompa o consenso e acione o efeito dominó.

É difícil prever quando isso acontecerá ou qual será o rastilho. Mas o que parece cada vez mais evidente é que alguns dos principais alicerces que sustentaram as altas dos últimos anos começaram a ser questionados. A valorização explosiva das empresas de IA, o incremento descontrolado das dívidas soberanas, a subida acentuada dos juros de 10 anos no Japão — são peças relevantes que estavam sendo ignoradas, mas que voltam à tona em qualquer conversa mais profunda sobre o estado atual dos mercados. Ainda estão sendo ignoradas, é verdade. Mas até quando?

Nesse envolvente de fragilidade oculta, o investidor que insiste em ver sinal de compra em todo recuo pode estar mais comprometido com sua narrativa interna do que com a verdade dos preços. E quando essa teimosia se mistura com alavancagem ou exposição excessiva, o risco da ruinoso deixa de ser teórico — ele se materializa. E esse, vale substanciar, é o único risco que não se pode passar. Nunca. Eventos de rabo acontecem. Choques inesperados surgem. E a liquidez desaparece justamente quando ela é mais necessária. Quem está mal posicionado nesses momentos pode ver anos de construção evaporarem em questão de dias.

O risco do qual precisamos nos proteger não é uma correção geral de 20% ou 30% no Bitcoin a partir de sua máxima — isso já está no jogo. O que me preocupa é o risco de uma queda de 50%, 60%, 70%, que pode parecer exagerada para quem chegou agora, mas que o mercado já entregou diversas vezes. Esse é o tipo de evento que não quero — e não devemos — enfrentar com exposição excessiva. Se, para evitar isso, eu tiver que terebrar mão de uma subida de 20% no limitado prazo, que seja. Porque deixar de lucrar não é o mesmo que perder.

E é cá que entra o fator emocional. Ele é, porquê sempre, o maior acelerador de decisões ruins. O terror de permanecer de fora, o contrição por não ter surfado o último rali, a sofreguidão de estar posicionado — tudo isso pesa mais do que deveria na balança. O famoso FOMO às vezes bate potente, mormente quando o mercado sobe e você está zerado. Mas uma das lições mais valiosas que aprendi ao longo dos anos é que preservar capital é, muitas vezes, o investimento mais importante que você pode fazer. Só quem preserva capital — e sanidade — permanece no jogo. E só quem permanece no jogo é capaz de conquistar as grandes oportunidades quando elas finalmente surgem.

Enquanto a maioria procura estar certa o tempo todo, o que realmente importa é permanecer vivo. E isso passa, inevitavelmente, por concordar que nem sempre é hora de lucrar. Às vezes, é hora de simplesmente não perder. Estar zerado pode parecer entediante, mas é uma das formas mais eficazes de proteger seu emocional, seu capital e sua transparência.

No termo das contas, a melhor jogada é muitas vezes aquela que você teve disciplina suficiente para não fazer. Pense muito antes de agir. Tenha uma visão de longo prazo. Reavalie periodicamente suas posições. E, supra de tudo, nunca se exponha a ponto de quebrar. Sua exposição de mercado pode — e deve — variar entre -1 e +1. O mercado permite ganhos tanto na subida quanto na queda. Mas ele só recompensa quem sobrevive.

Gustavo Cunha é fundador da Fintrender.com

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Gustavo Cunha — Foto: Valor Investe

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